O demônio no peito e outros contos terríveis sobre a paralisia do sono

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Uma condição incomum chamada paralisia do sono vem assustando as pessoas por séculos, e agora um novo estudo resume muitas histórias assustadoras de diferentes culturas que tentam explicar estes episódios, onde uma pessoa acorda e é incapaz de se mover.

As explicações culturais que tentam dar uma luz a essa terrível experiência de acordar e sentir-se paralisado, vão desde abduções alienígenas à estranhos demônios que, sorrateiramente, se sentam no peito das pessoas, isso de acordo com um estudo, publicado pela revista Frontiers in Psychology.

Segundo os pesquisadores do Instituto Junguiano da Bahia (IJBA), juntas, todas essas histórias mostram como um único fenômeno biológico pode ser interpretado de diferentes formas em sociedades distintas.

Brian Sharpless, professor de psicologia clínica na Universidade de Argosy em Washington, DC, diz que a explicação biológica para a paralisia do sono vem de aspectos do sono REM (movimento rápido dos olhos), que ocorre enquanto a pessoa está acordada. A paralisia do sono acontece com mais frequência do que a maioria das pessoas imaginam, e tem mais chances de acontecer quando uma pessoa está acordando do que durante outras etapas do sono.

Durante o sono REM, as pessoas sonham e é nessa etapa que o tronco cerebral paralisa o corpo, inibindo os neurônios motores, assim ocasionando a paralisia.

Mas, normalmente, o sonho e a paralisia ocorrem quando as pessoas estão inconscientes, afirma Sharpless, que também é autor do artigo de 2015 “Paralisia do Sono: Histórico, Psicológico e Perspectivas Medicas”.

Para que o individuo experimente a paralisia do sono, é necessário que ele esteja consciente, ou seja, com seus olhos abertos. Isto significa que os chamados “sonhos” são, tecnicamente, alucinações, e elas são tão reais quanto qualquer outra coisa que você vê quando está acordado. Além disso, os “sonhos” podem ser “multissensoriais”, o que significa que uma pessoa pode não só ver coisas, como também ouvir e, em alguns casos, sentir.

A paralisia do sono pelo mundo

Em várias culturas, a paralisia do sono pode ser atribuída a fantasmas ou seres sobrenaturais.
Em várias culturas, a paralisia do sono pode ser atribuída a fantasmas ou seres sobrenaturais.
A sensação de tato é frequentemente muito comentada nas explicações de pessoas que experimentaram paralisia do sono em todo o mundo. Muitas culturas se referem a ela como um peso sobre o peito.

Em certas partes do Brasil, por exemplo, há contos folclóricos de uma criatura com longas unhas que se esconde nos telhados das casas das pessoas durante a noite. A criatura, chamada de “Pisadeira,” entra no quarto e pisa sobre peito dos que dormem.

Em Catalunha, uma região da Espanha, existe a lenda da “Pesanta”, um animal preto, muitas vezes, descrito como um cão ou um gato, que invade as casas das pessoas e se senta em seus peitos enquanto elas estão dormindo, causando pesadelos.

Em Newfoundland, Canadá, existe a lenda do “Old Hag”, que vem e se acomoda sobre a pessoa que está dormindo. Já na região entre o Vietnã e Laos, existe o conto de um espírito que pressiona o peito dos que estão adormecidos e tenta asfixiá-los.

A ideia de alguma coisa pressionando o peito das pessoas também é bastante comum no México para descrever a paralisia do sono. Muitos mexicanos que experimentaram a paralisia do sono, costumam dizer que um corpo morto subiu em cima delas enquanto dormiam.

Algumas culturas dizem que xamãs ou feiticeiros podem lançar feitiços que causam a paralisia do sono. Na cultura Inuit, por exemplo, as pessoas falam de xamãs que podem lançar feitiços quando uma pessoa está dormindo, causando uma experiência chamada “uqumangirniq”, onde uma pessoa é visitada por uma presença sem forma ou sem rosto, deixando-a incapacitada de se mover, falar ou gritar.

Já no folclore japonês, existe a lenta de um feiticeiro que invoca um espírito vingativo para sufocar seus inimigos através de um fenômeno chamado de “Kanashibari”, que significa literalmente “atado ao metal”.

Em várias culturas, a paralisia do sono pode ser atribuída a fantasmas ou seres sobrenaturais.

Durante um estudo feito na década de 1970 com refugiados cambojanos, os pesquisadores descobriram que muitos pacientes se referiam a algo chamado “khmaoch Sangkat” ou “fantasma que o empurra para baixo”. Na Tailândia, um fantasma chamado de “phi am” assombra as pessoas quando elas estão dormindo, deixando-as incapazes de se mover.

Segundo os pesquisadores, o propósito do estudo não é menosprezar as várias e diferentes explicações espirituais para a paralisia do sono, mas sim “enriquecer o conhecimento sobre essas experiências e seus aspectos psicológicos e culturais”, já que em todo o mundo existem pessoas que experimentaram essa paralisia. Em alguns lugares, ela é atribuída a uma especie de pesadelo, já em outras, a algum ser ou criatura sobrenatural.

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