A ciência do medo: saiba como o seu corpo reage ao perigo

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O medo é uma reação involuntária que nos ajuda a responder rapidamente a ameaças. Pra muitas pessoas, a noite é assustadora. A luz do dia diminui à medida que as trevas se estendem, um frio toca o ar e as árvores perdem suas folhas e assumem uma silhueta esquelética. Pra muitos, isto já é o suficiente pra causar arrepios na espinha. Mas por que certas coisas nos assustam e o que a ciência pode nos dizer sobre o que acontece em nossos corpos quando estamos com medo?

As influências culturais podem levar as pessoas a terem medo de certas coisas, como gatos pretos ou palhaços assassinos. Mas há também disparadores universais de medo, de acordo com a neuropsiquiatra dra. Katherine Brownlowe, chefe da Divisão de Saúde Neurocomportamental do Centro Médico Wexner da Universidade Estadual de Ohio.

“Normalmente, o medo da morte é universal”, Brownlowe disse à Live Science. “Altura, animais, relâmpagos, aranhas, alguém correndo atrás de você em um beco escuro – geralmente, as pessoas têm algum tipo de resposta de medo a esse tipo de coisas”, disse ela.

Fator medo

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O medo é, antes de tudo, um mecanismo de sobrevivência. Quando os sentidos detectam uma fonte de estresse que pode representar uma ameaça, o cérebro ativa uma cascata de reações que nos intimidam a lutar por nossas vidas ou a fugir o mais rápido possível – uma reação em mamíferos que é conhecida como “lutar ou fugir”.

O medo é regulado por uma parte do cérebro dentro dos lobos temporais conhecidos como a amígdala cerebelosas. Quando o estresse ativa a amígdala, ela substitui temporariamente o pensamento consciente de modo que o corpo possa concentrar toda sua energia pra enfrentar a ameaça – qualquer que seja.

“A liberação de neuroquímicos e hormônios provoca um aumento na frequência cardíaca e na respiração, diminuindo o sangue nos intestinos e enviando mais pros músculos, pra correr ou lutar”, explicou Brownlowe. “Isso coloca toda a atenção do cérebro na ‘luta ou fuga'”.

Arrepios, paralisia, foco

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Algumas das respostas do nosso corpo ao terror mortal são retrocessos aos mecanismos que serviam a nossos antepassados, embora estas respostas não sejam tão úteis a nós hoje em dia. Quando o medo nos dá arrepios, nós deveríamos parecer maiores, se ainda fôssemos tão peludos como antigamente – atualmente, isso não nos ajuda a lutar e nem a correr.

Sabe por que uma gazela congela quando é pega por um farol de carro, garantindo assim um acidente terrível? Susto. E o mesmo acontece com o ser humano: a gente xinga as vítimas dos filmes de terror, mas faz todo sentido alguém perder a reação diante da morte certa – um comportamento ainda mais comum em animais que são presas. Mas há uma utilidade nisso. “Se você congelar, então é menos provável que o predador o veja e preste atenção em você – e, esperamos, menos probabilidade dele comer você”, disse Brownlowe.

A resposta emocional que sentimos quando estamos com medo serve também a um propósito: aumentar o estado de alerta, mantendo o corpo e o cérebro concentrados na segurança até que a ameaça seja neutralizada. Até mesmo os bebês podem ter medo de coisas como ruídos altos, movimentos repentinos e rostos desconhecidos, e as crianças pequenas podem ficar apavoradas com coisas que os adultos sabem que não são reais – como um monstro escondido sob a cama ou no armário. Só aos 7 anos de idade que começamos diferenciar ameaças reais e ameaças imaginárias.

Enfrentando nossos medos

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O que torna as respostas humanas ao medo diferentes dos outros animais é que nós podemos processar esse medo e apaziguá-lo, uma vez que entendemos conscientemente que eles não são realmente um perigo. “Podemos ficar assustados, mas em vez de fugir como coelhos, reavaliamos a situação e percebemos que não precisamos responder de uma maneira ‘luta ou fuga'”, disse Brownlowe. “E então podemos continuar com o nosso dia.”

Algumas pessoas até mesmo procuram deliberadamente a experiência do medo através de filmes de terror, montanhas-russas e o que quer que gere uma sensação de risco pessoal imediato. De acordo com Brownlowe, elas estão aproveitando as consequências químicas que acompanham uma onda de medo – um sentimento que pode ser eufórico.

“Uma vez que os sinais de “luta ou fuga” cessam, o cérebro libera neurotransmissores e hormônios que medeiam o que chamamos de sistema de descanso e digestão. “A frequência cardíaca está caindo, a respiração está diminuindo, a pele relaxa, há uma sensação de alívio cognitivo interno no corpo, e isso é bom”.

O mundo moderno vem com um número de estresses que os seres humanos nunca enfrentaram e nunca poderiam ter imaginado – encargos financeiros, ansiedade nos estudos e no trabalho e um número de outras pressões sociais que podem gerar o medo e a ansiedade. Um bom susto pode fazer alguns dos medos cotidianos parecerem menos aterrorizantes, acrescentou Brownlowe.

“Isso dá perspectiva às pessoas”, disse ela. “Se você está ansioso sobre falar com seu chefe sobre como conseguir um aumento e acaba levando um baita susto antes disso, falar com seu chefe não é mais grande coisa.”

Fonte: http://www.livescience.com/56691-the-science-of-fear.html

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