Estudo prova que hoje temos cores que no passado “não existiam”

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A industrialização mudou a paleta do mundo, adicionando uma série de matizes sintéticas ao esquema de cores universal, mais natural. Esta visão e experiência humana deslocada acabou, literalmente, adicionando novos tons e cores ao mundo que vemos conforme as diferentes culturas criavam mais objetos.

Ainda assim, há algo universal que permanece constante e comum entre os povos e o tempo e, ao que parece, entre as sociedades simples e complexas. Podemos ver isso nas semelhanças na linguagem das cores entre as línguas, de acordo com o cientista cognitivo Edward Gibson do MIT.

Gibson liderou recentemente uma equipe de pesquisadores que estudava como os seres humanos se comunicam a respeito das cores para encontrar o grupo Tsimane, da floresta amazônica da Bolívia, uma tribo de caçadores-coletores que vivem uma vida pré-industrializada.

Em um artigo publicado no início deste mês nos Procedimentos da Academia Nacional de Ciências, eles comparam os termos de cor utilizados na língua dos Tsimane, os do espanhol boliviano, o inglês e também outras 110 línguas em todo o mundo.

Os pesquisadores descobriram semelhanças surpreendentes em todas as línguas e descobriram que a industrialização causou proliferação de termos de cores

O número geral de termos de cores em uma determinada língua varia drasticamente quando comparado com todas as outras línguas, afirma Gibson e seus colegas. Mas todos os idiomas classificam cores geralmente da mesma maneira, em dois grupos: tons quentes e frios.

Da mesma forma, em todas as línguas e culturas, as palavras para tons quentes – como vermelho, rosa, laranja, amarelo e marrom – eram comuns, enquanto as de tons frios, como azul e verde, eram mais limitadas.

Até agora, os cientistas acreditavam que a prevalência de palavras de cores quentes em diferentes línguas se deveu a um sentimento perceptivo, ou, simplesmente, porque os tons quentes se destacam.

Este estudo fornece evidências de uma hipótese alternativa: talvez, os pesquisadores postulam, os tons quentes são mais prevalentes porque são mais úteis.

Os azuis e os verdes são cores de fundo, como no céu ou na grama, enquanto os objetos que tendem a ter cores mais quentes se destacam em nossas vidas e, mais frequentemente, precisam ser descritos.

Os pesquisadores acreditam que as culturas reconhecem mais amplamente e se comunicam sobre as cores quentes porque esses tons são mais “universalmente úteis”.

Isso é fácil de imaginar. Pegue um pote de barro, um objeto usado em toda a história humana. Inicialmente, ele teria sido feito e deixado em sua tonalidade quente original, a rica e profunda cor da lama, provavelmente um tom de marrom.

Da mesma forma, as ferramentas de madeira estavam em tons vermelhos e castanhos quentes, e as peles de animais estavam em tons de vermelho, marrom, amarelo e laranja, todos os tons quentes. Nunca na história houve uma pele de raposa azul na natureza; mas abundam os casacos avermelhados.

Quanto mais objetos indistinguíveis uma cultura possui (no caso, produtos), mais provável é ter muitos termos de cores, de acordo com a pesquisa.

Os pesquisadores afirmam: “As culturas variam em como a cor é útil. A industrialização, que cria objetos distinguíveis apenas com base em cores, aumenta a utilidade delas”.

Quartz



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