Mordida de carrapato pode te deixar alérgico a carne

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Alpha-Gal pode soar como um termo impressionante, mas é apenas um apelido curto para galactose-alfa-1, 3-galactose, que é uma molécula de açúcar que pode fazer você se tornar alérgico a carne. Sim, algo assim realmente existe.

Essa molécula de açúcar é espalhada a partir da picada do carrapato da espécie Lone Star, que recebeu o nome pelo padrão de cores das costas. Uma vez mordido por um Lone Star, o sistema imunológico do corpo da vítima passa por uma reação intensa.

“Você está caminhando pela floresta, e esse carrapato se alimentou do sangue de vaca ou de outro mamífero”, explicou Cosby Stone, um aluno do curso sobre alergia e imunologia da Universidade de Vanderbilt. “O carrapato, carregando a Alpha-Gal, te mordee e ativa o seu sistema imunológico e alérgico”.

Com isso, seu corpo cria anticorpos para a Alpha-Gal e, a partir desse momento, o corpo é programado para combater as moléculas de açúcar Alpha-Gal.

A maioria das pessoas que desenvolvem a síndrome de alergia a Alpha-Gal percebe sua doença depois de comer carne, que é abundante em moléculas de açúcar. Para piorar, o açúcar também está presente em alguns medicamentos que usam gelatinas como estabilizadores.

“Há uma demora na reação”, disse Stone, que explica por que algumas pessoas nem sempre percebem imediatamente que estão com uma reação alérgica. “Ele [a Alpha-Gal]deve primeiro viajar através do seu trato gastrointestinal para ser liberado. Horas depois, os pacientes acordam com urticária, falta de ar, vômitos e diarréia”.

Em casos mais raros e intensos, os pacientes precisam até ser admitidos na UTI. “Alguns pacientes tiveram que receber suporte vital porque sua pressão arterial ficou tão baixa que eles estiveram em um perigo enorme de morrer”, disse Stone, que tratou aqueles que sofreram uma reação.

“A maioria dos pacientes não sabe o que eles têm”, explicou. Muitas vezes o indivíduo precisa passar por repetidas reações alérgicas para que ele perceba a relação entre o que ele comeu e o seu surto. A exposição repetida aos ataques de carrapatos pode piorar a gravidade de uma reação.

Aqueles que desenvolveram mais anticorpos Alpha-Gal, por ter mais exposição aos carrapatos, passam por sintomas mais sérios. A alergia até agora tem tratamentos para efeitos secundários, mas não existe cura ou vacina.

Carrapatos causando alergia se espalham

Originalmente encontrados principalmente no sudeste dos EUA, a doença pode se tornar mais comum em regiões mais distantes do norte e o oeste que experimentam um aumento gradual na temperatura.

Casos da doença transmitida por carrapatos têm surgido tão longe do norte, em cidades distantes. Os Centros para Controle de Doenças não registram casos de síndrome de alergia à Alpha-Gal, portanto a maioria dos relatos do aumento dos casos é anedótico.

“Cinco anos atrás, provavelmente tínhamos cerca de 50 pacientes que tinham a síndrome de Alpha-Gal […] agora temos cerca de 200”, disse Stone. No entanto, até que os casos tivessem sido identificados pela primeira vez na última década, quase nada era conhecido sobre a origem dessa alergia.

“A consciência a respeito da Alpha-Gal cresceu”, observou Stone. “Também é possível que, como as alergias em geral estão aumentando, as reações à Alpha-Gal também estão aumentando”.

Estudos documentaram que as temperaturas em ascenção levaram a um aumento das alergias baseadas em plantas de alérgenos como o pólen. Stone acredita que os avanços na higiene levaram a um enfraquecimento de algumas das imunidades naturais que desenvolvemos para combater essas alergias.

Em uma entrevista com o USA Today, Purvi Parikh da Allergy and Asthma Network advertiu que, à medida que o clima se aquece, os carrapatos começaram a espalhar o seu território.

Independentemente disso, os humanos entram em contato com os carrapatos mais frequentemente durante períodos mais quentes, e Stone faz recomendações de como se afastar das doenças transmitidas por carrapatos: usar repelente de insetos, roupas que cubram bem o corpo e evitar a grama alta e os arbustos.

– National Geographic

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