Novo estudo mostra que a depressão pode modificar as redes cerebrais

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Mais uma vítima da depressão, o vocalista Chester Bennington, do Linkin Park, foi encontrado morto em sua residência em Los Angeles, na Califórnia, na última quinta-feira (20), após se suicidar por enforcamento. O cantor lutou contra o vício em álcool e drogas por anos e também já foi abusado quando criança e disse, em entrevistas, que já pensou em se matar devido à situação. E em sua última entrevista, falou a respeito da depressão, doença que o acometia.

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“Não sei se alguém consegue se relacionar com isso, mas tenho problema com a vida às vezes. Tem vezes que é ótima, mas muitas vezes é difícil e não importar como eu esteja me sentindo. Sempre me encontro lutando contra certos padrões de comportamentos, preso em coisas que se repetem e penso: ‘como estou nessa?'”, refletiu o cantor, que também disse que parecia ter alguém em sua mente que sempre o colocava pra baixo.

Não há dúvidas de que a depressão é a doença do século. E uma nova pesquisa pode contribuir nos estudos da doença.

Recentemente, cientistas identificaram uma ligação entre a depressão, que acometeu Chester Bennington e o levou ao suicídio, e a estrutura da substância branca do cérebro, áreas que são responsáveis por conectar a substância ou massa cinzenta e garantir que nossas emoções e sentimentos sejam devidamente processados.

O estudo pode ter bastante valor, pois pode sugerir novas formas de tratar e controlar a depressão, caso seja possível encontrar uma forma de descobrir como que a substância branca consegue mudar nosso humor e ansiedade.

A pesquisa

Pesquisadores da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, observaram informações de 3.461 adultos a partir de um banco de dados, e que eles foram importantes para fornecer novos dados a pesquisa, considerando que resultados anteriores na relação entre massa cerebral e depressão foram inconsistentes.

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“Esse estudo utiliza informações da maior amostra simples já publicada e mostra que pessoas com depressão possuem mudanças na rede da substância branca de seus cérebros”, disse a pesquisadora Heather Whalley.

Uma nova técnica foi utilizada para mapear as áreas da susbtância branca, e deu aos cientistas uma nova maneira de modelar as fibras dentro do cérebro com detalhes que nunca foram vistos antes.

Escaneamentos revelaram que a integridade da substância branca – que seria o equivalente a sua qualidade – era reduzida em pessoas que tinham sintomas de depressão, enquanto que em aquelas que não tinham nenhum indício da doença, ela aparentava estar normal.

Essa diferença pode ser resultado de um padrão da atividade cerebral que é consequência da depressão, dizem os especialistas, apesar de ainda estar muito cedo para afirmar o que está acontecendo exatamente.

Eventualmente, o estudo pode abrir novas portas para prever o risco de depressão ou entender mais como que a integridade da matéria branca ajuda a proteger o cérebro da doença.

300 milhões de pessoas têm depressão

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, mais de 300 milhões de pessoas enfrentam dificuldades com a depressão no planeta, independente da idade. Agora, ela é reconhecida como a principal causa de invalidez e deficiência no mundo, para se ter ideia de como que essa doença é um enorme problema.

Cientistas agora estão fazendo progresso para descobrir qual é a relação entre depressão e as redes cerebrais. Um tratamento inovador que está em desenvolvimento é o uso de pulsos magnéticos para alterar os circuitos do cérebro e a forma em que interagem.

Enquanto isso, áreas específicas do cérebro também possuem ligação com os problemas de depressão. Um estudo publicado no ano passado descobriu que a perda ou baixa autoestima estava ligada com o funcionamento do Córtex Orbito-frontal, que é responsável pela integração sensorial, expectativas e nosso poder de decisão.

Apesar de ainda não ser possível fazer definições conclusivas com essa nova pesquisa, ela significa mais um passo adiante para entender os impactos da depressão no nosso cérebro e encontrar uma maneira de interrompê-la.

“Existe uma urgência para descobrir um tratamento para a depressão e um melhor entendimento de seus mecanismos nós dará uma melhor chance de desenvolver novos e mais efetivos métodos de tratamento”, disse Heather Walley.

Fonte: Science Alert
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