O que pode estar por trás das recentes mortes de atrizes de filmes adultos

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Nos últimos meses, o mercado dos filmes adultos anda assustado com as recentes mortes de atrizes, o que já fez muitas pessoas dentro da indústria questionarem os riscos e perigos, sejam eles físicos ou psicológicos, em que seus profissionais podem estar envolvidos.

Tudo começou quando a atriz canadense Shyla Stylez, de 35 anos, ser encontrada morta por sua mãe na cidade de Calgary. Ela morreu enquanto dormia e as causas de sua morte ainda permanecem desconhecidas.

Shyla Stylez
Shyla Stylez Fonte: Reprodução Internet

Desde então, outras quatro atrizes de filmes adultos também faleceram por vários motivos. Segue a lista abaixo:

– A também canadense August Ames, de 23 anos, cometeu suicídio após se enforcar em um parque na cidade de Camarillo, na Califórnia, em 5 de dezembro. Dias antes, foi acusada de homofobia por conta de uma mensagem que publicou em seu perfil no Twitter, em que dizia recusar a contracenar com um ator que participou de produções homossexuais. Ela sofria de depressão.

– Apenas alguns dias depois, em 13 de dezembro, Yurizan Beltran, mais conhecida no meio como Yuri Luv, foi encontrada morta em sua casa. A causa da morte permence desconhecida, mas frascos de remédios foram encontrados próximos ao seu corpo. Dias antes, reclamou em seu perfil no Twitter que estava sendo “perseguida” por alguém.

Yurizan Beltran Fonte: Reprodução Instagram
Yurizan Beltran Fonte: Reprodução Instagram

– Em 7 de janeiro, Olivia Nova, de apenas 20 anos, foi encontrada morta em sua casa, na cidade de Las Vegas. Inicialmente, a causa da morte foi considerada desconhecida. Mas posteriormente, a polícia local revelou que a atriz faleceu por conta de uma sepse, que pode ter surgido em decorrência de uma infecção nos rins que estava tratando.

Fonte: Reprodução/Twitter
Olivia Nova Fonte: Reprodução/Twitter

– Por fim, no dia 18 de janeiro, Olivia Lua (sem relação com Olivia Nova) foi encontrada morta em uma clínica de reabilitação na Califórnia. A causa da morte ainda é desconhecida, mas acredita-se que pode se tratar de uma overdose. Ela estava afastada do trabalho desde outubro, pois havia procurado uma clínica de reabilitação para tratar seu vício em drogas. Um dia antes de morrer, havia postado uma frase enigmática em seu perfil no twitter.

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Olivia Lua Fonte: Reprodução

Nem seria preciso dizer que tantas mortes em um período curto de tempo abalou a indústria dos filmes adultos nos Estados Unidos. E isso já levantou os diversos riscos que suas atrizes correm durante suas carreiras nesse mercado que se tornou lucrativo (faturou US$ 17,2 bilhões em 2016), mas que ainda enfrenta muito preconceito e resistência.

Primeiramente, existe a questão dos riscos mentais que a indústria dos filmes adultos sujeitam suas atrizes, pois existe, cada vez mais, a pressão em gravar mais e mais cenas consideradas “hardcore”, que exigem do físico e da mente de suas profissionais. Como o mercado está cada vez mais tomado pela pirataria e divulgação exponencial por meio da internet, é difícil encontrar trabalho e receber salário com certa regularidade, então muitas atrizes se sujeitam a fazer qualquer coisa.

Vale lembrar também que como elas trabalham em um esquema que pode ser considerado “freelancer”, não possuem um plano de saúde e certos direitos trabalhistas e não recebem  salário regularmente, outro fator que muitos consideram primordial para esse deterioramento da saúde mental das profissionais da indústria.

“Quando a câmera está ligada, todo mundo está feliz. O problema é quando o trabalho fica escasso, o telefone para de tocar e as atrizes se perguntam: ‘E agora?’. As estrelas do pornô não são as melhores em fazer planos para o futuro”, relatou o psicólogo Gad Saad, que estuda o mercado dos filmes adultos.

Além disso, também é interessante citar o estigma social,  que muitas encontram por conta da escolha que fizeram. Existem relatos de muitas atrizes de filmes adultos que optaram por abandonar a carreira justamente por conta desse problema, mas muitas desistiram da aposentadoria justamente por conta do preconceito que enfrentaram ao procurar trabalho “normal”. Também existe o medo de envelhecerem e não serem mais desejadas pelo mercado.

E no Brasil?

O site de notícias G1 entrevistou quatro atrizes de filmes adultos brasileiras a respeito deste assunto. Elas acreditam que a profissão não provocou uma “espécie de epidemia de depressão e uma onda de suícidios”. Mas admitiram que a carreira pode afetar o lado psciológico de suas profissionais, e citam algumas razões para isso.

Patricia Kimberly, que está no ramo desde 2005, acredita que muitas atrizes entram no mercado sem estarem devidamente preparadas para repercussões negativas, e lembra o caso de Leila Lopes, que chegou a atuar em novelas na década de 90. Ela entrou para a indústria em 2008 e se suicidou em dezembro de 2009.

Já Emme White, que trabalha com filmes adultos há dois anos, acredita que o problema é muito pior nos Estados Unidos por conta do crescimento desse mercado, então muitas atrizes acabam topando fazer qualquer coisa, mesmo contra sua vontade, devido à concorrência e a rivalidade desleal com a internet e a pirataria.

A atriz também lembra que no Brasil, as produções possuem um cunho mais leve e que muitas profissionais têm a liberdade de dizer “não”. E confirmou que a pegada mais “forte” dos filmes gravados nos Estados Unidos pode atrapalhar.

“No Brasil, a coisa é mais leve mesmo. Lá fora, parece que o pessoal gosta de uma coisa mais pesada. Já não basta mais a penetração anal, tem que ser dupla, tripla, é uma coisa que cada vez mais exige mais e mais fisicamente. Talvez mexa com a cabeça delas”, disse.

Fabi Thompson, que já fez mais de 100 filmes na carreira, refuta a possibilidade dos casos de depressão estarem relacionados com a profissão. “Tem mais a ver com o psicológico da pessoa. Tem pessoas de outros ramos que também se suicidam, têm problemas e depressão. Tudo depende”, disse.

É mais ou menos o que também pensa Mayanna Rodrigues, que atua há 13 anos. Mas ressaltou que o mercado pode ser uma espécie de “gatilho” para esse problemas psicológicos. “Tem uma série de quesitos: pode ser familiar, de relacionamento, talvez ela já tivesse a doença antes de entrar na pornografia – e a pornografia foi só um gatilho”, comentou.

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