Os 4 maiores equívocos a respeito do assédio sexual

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Entre as milhares de críticas feitas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está a polêmica do estupro. Pior do que a acusação de Trump ter estuprado uma mulher, foi a defesa de Jeff Sessions, que alegou que seu colega apenas “tocou” a vítima. Mas Yolanda Moses, professora de antropologia da University of California, Riverside, disse que os comentários de Trump absolutamente descrevem uma agressão sexual.

Há um espectro na agressão sexual, que vai desde o toque indesejado ao estupro, disse Moses. Mas grande parte do público não entende que ações como tatear ou beijar alguém contra sua vontade também constituem assédio sexual.

O estupro não é o único tipo de agressão sexual, disse Moses. Na verdade, agressão sexual é definida como “qualquer tipo de contato sexual ou comportamento que ocorre sem o consentimento explícito do destinatário”. “O assédio vai desde palavras até a intimidação e a violência física”, disse ela.

Aqui estão quatro equívocos mais comuns sobre agressão sexual.

Equívoco: A agressão sexual é geralmente cometida por estranhos

Menos de um quarto dos assédios sexuais são cometidos por estranhos, de acordo com a Rape, Abuse & Incest National Network – RAINN. Em vez disso, 43% das agressões sexuais são cometidas por amigos ou conhecidos e 27% são cometidos por um atual ou ex-namorado/noivo/marido, de acordo com RAINN.

Moses, que também é consultora / instrutora de assédio sexual e agressão sexual na UC Riverside, disse que quando conversa com os calouros, ela diz que é mais importante ficar atento ao risco de assédio sexual por parte das pessoas que eles conhecem.

Mas pode ser difícil pra algumas pessoas aceitarem que conhecidos podem cometer agressão sexual. As pessoas podem pensar que o assédio é muitas vezes cometido por estranhos porque as pessoas querem acreditar que não é possível que alguém próximo poderia fazer isso, disse Brian Pinero, vice-presidente dos serviços às vítimas na RAINN.

Equívoco: A agressão sexual só acontece com mulheres e meninas

Embora a agressão sexual contra mulheres e meninas seja mais comum, a agressão sexual também pode acontecer a homens e meninos.

Uma em cada seis mulheres foi vítima de uma tentativa ou de uma violação completa em sua vida, de acordo com RAINN. Pra homens e meninos, esse número é 1 em 33.

Que fique claro que não é a intenção deste artigo comparar a quantidade de crimes cometidos por homens e mulheres, é óbvio que as mulheres estão em maior risco dos que os homens, contudo é válido informar que ainda existe uma ameaça aos rapazes – basta imaginar como uma mãe se sentiria se soubesse que uma adulta está manipulando seu filho adolescente.

Equívoco: A agressão sexual é provocada por ações da vítima

Vítimas não provocam agressão sexual, mas “culpar a vítima” ainda é comum.

É difícil pra algumas pessoas acreditarem que outra pessoa poderia cometer agressão sexual, então elas tentam alegar que a vítima estava “pedindo”, disse Pinero. Mas a agressão sexual nunca é causada pelo o que uma vítima está fazendo, dizendo ou usando, ele disse.

Em vez disso, um assédio é o resultado de uma escolha feita pelo criminoso – alguém escolheu infligir dano à vítima ou optou por forçar a vítima a uma situação indesejada, disse Pinero.

Equívoco: Se a vítima não luta, não é assédio

A agressão sexual pode ocorrer mesmo quando a vítima não resiste ou luta.

No entanto, a ideia de que a vítima precisa ter lutado está embutida em nossa cultura. Por exemplo, as vítimas são instruídas a ir ao hospital imediatamente após um ataque pra que os médicos possam documentar quaisquer ferimentos, o que indicaria evidências de uma briga. Mas a falta de contusões não significa que o assédio não aconteceu, Moises disse. Uma vítima pode congelar, pode ser ameaçada por armas, pode se sentir na obrigação de ceder etc.

Pinero concordou. “Imagine estar com alguém que tem poder e não acha que você tem voz pra dizer alguma coisa”, ele disse. As vítimas também podem começar a se culpar em casos de agressão sexual. “Elas vão pensar: ‘eu trouxe isso pra mim? Eu estava enviando o sinal errado? Talvez eu queria isso?” “Todas essas coisas podem estar se passando pela cabeça de uma vítima e quem somos nós pra decidir como alguém deveria reagir?” Disse Pinero.

A agressão sexual também pode acontecer em relacionamentos estabelecidos, ele acrescentou. Só porque uma pessoa disse sim a uma determinada atividade uma vez, por exemplo, não significa que um parceiro tem o dever de participar dessa atividade sempre que o outro quiser, disse ele.

Fonte: http://www.livescience.com/56480-misconceptions-about-sexual-assault.html

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