Por que o WhatsApp aumentou a divulgação de fake news no Brasil?

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Em outubro de 2017, começou a circular nas redes sociais (Facebook, WhatsApp) a informação de que a cantora Pabllo Vittar apresentaria um programa infantil na Rede Globo. Como todos sabemos, não passou de mais uma fake news, mas ainda assim, ganhou enormes proporções e muitas pessoas começaram a comentar o assunto.

Mas afinal, o que fez com essa história envolvendo Pabllo Vittar e a Globo ganhasse tamanha repercussão? De acordo com o pesquisador Paulo Ortellado, da USP, que estuda as fake news, a culpa nem foi exatamente do Facebook, como muitos devem imaginar, mas sim do aplicativo mais popular do país, o WhatsApp.

Primeiramente, o aplicativo de mensagens chega a ser utilizado por 120 milhões de pessoas no país (sendo que 200 milhões vivem por aqui). E um estudo feito a pedido do próprio WhatsApp mostra que 35% de seus usuários o utilizam como forma primária de conseguir informações.

Diferente das demais redes sociais, como o Twitter e o Facebook, onde suas postagens possuem um cunho público e podem ser facilmente analisadas, o WhatsApp é um aplicativo fechado, no qual seus usuários trocam mensagens com outros de maneira particular ou em seus grupos.

Por conta disso, os aspectos mais negativos das fake news só se multiplicam através do WhatsApp: por ser amplamente utilizado, acabado exarcebando qualquer notícia falsa liberada, que é rapidamente divulgada e complica qualquer tipo de rastreamento para descobrir sua origem. Algo que já se tornou um problema para pesquisadores, jornalistas e a Polícia Federal.

E para o ano de 2018, em especial, existe um agravante ainda maior. “Nós temos esse novo fenômeno dos sites que divulgam as fake news mirando especificamente o WhatsApp – e isso deve ser um problema para as eleições de 2018”, lembra Ortellado.

Combate para as eleições

O atual clima político instável do país é um outro fator que faz esse problema aumentar consideravelmente, bem como a corrupção nesse meio e certas tensões raciais. Muitas pessoas também deixaram de se informar pela mídia tradicional por questões de desconfiança e preferem se informar através de meios alternativos, o que é outro agravante.

É mais ou menos o que ocorreu nas eleições presidenciais de 2016 nos Estados Unidos, também tomada pela propagação das fake news.

E essa questão já se tornou um grande alvo de preocupação de autoridades. A Polícia Federal disse que irá tomar medidas para evitar a propagação de fake news pela pessoas durante a eleição presidencial e até mesmo já criou um grupo específico para isso.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também já se manifestou a respeito do assunto e disse que também irá monitorar a divulgação das fake news durante o período eleitoral. Recentemente, o Ministro da Defesa, Raul Jungmann, chegou a sugerir que o exército brasileiro se envolvesse no monitoramento das notícias falsas.

Vale lembrar que o WhatsApp já se envolveu em diversas polêmicas no Brasil nos últimos anos. O aplicativo já foi impedido de funcionar três vezes no país por juízes, por conta de sua não vontade de compartilhar dados com a polícia, que são criptografados. E um executivo do Facebook, dono do WhatsApp, até chegou a ser preso por conta disso.

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