Por que os seres humanos perderam seu osso-do-pênis?

0

Uma das coisas mais estranhas e maravilhosas da evolução humana é o osso-do-pênis, ou Báculo (como é cientificamente chamado). Esse osso que os humanos perderam durante a evolução, é um osso extra-esquelético, o que significa que ele não está ligado diretamente ao resto do esqueleto, mas “flutua” delicadamente no final do pênis.

Dependendo do animal, o tamanho do Báculo pode variar de menos de 1 milímetro até quase 1 metro de comprimento, e ele tem um formato bem pontiaguda como um espeto.

O Báculo da morsa, por exemplo, que poderia ser facilmente confundido com um taco de golf de 60 centímetros de comprimento, tem em torno 1/6 do comprimento corporal do animal, enquanto que o Báculo do lêmure tem apenas 1/40 de seu comprimento corporal.

O Báculo é encontrado apenas em certas espécies de mamíferos, mas não em todas. A maioria dos machos primatas tem um Báculo, mas os seres humanos, mesmo tendo uma anatomia parecida, não tem esse osso em seu esqueleto.

O mais próximo disso, são alguns bebês que nascem com ossos no tecido mole no final do pênis. Mas mesmo assim não é um Báculo propriamente dito, é apenas uma anomalia extremamente rara.

Em um recente estudo, pesquisadores analisaram como o Báculo se desenvolveu em mamíferos e como ele foi distribuído em diferentes espécies à luz de seu padrão de descendência (conhecido como filogenética).

Báculo
Báculo
Os pesquisadores descobriram que o Báculo evoluiu primeiramente após a divisão de mamíferos placentários e não-placentários, cerca de 145 milhões de anos atrás, antes mesmo do mais recente antepassado comum dos primatas e carnívoros evoluir, que aconteceu cerca de 95 milhões de anos atrás.

A pesquisa também mostrou que o antepassado comum dos primatas e carnívoros tinha um Báculo. Isto significa que qualquer espécie nestes dois grupos que não tem um Báculo, tal como seres humanos, deve tê-lo perdido ao longo de sua evolução.

Mas em primeiro lugar, por que um animal precisaria de um osso no seu pênis? Os cientistas tem levantado algumas hipóteses a respeito de porque o Báculo pode ter sido útil.

Em certas espécies, como os gatos, o corpo de uma fêmea não libera seus óvulos até que ela se acasale, e alguns argumentam que o Báculo pode ajudar a estimular estas fêmeas a acionar a ovulação.

Outra teoria, é a hipótese da fricção vaginal. Esta hipótese sustenta, essencialmente, que o Báculo atua como um “calço”, permitindo que um macho supere qualquer fricção ao penetrar uma fêmea.

Os pesquisadores também descobriram que, ao longo de todo o percurso da evolução dos primatas, ter um Báculo estava ligado ter durações mais longas de inserção do pênis na vagina.

Além disso, os machos de espécies primatas com durações de inserção mais longas, tendem a ter um Báculo muito mais longo do que os machos de espécies onde a inserção é curta.

Outra descoberta interessante foi que os machos de espécies que enfrentam altos níveis de competição sexual para conseguirem se acasalar com fêmeas, têm Báculos mais longos do que aqueles que enfrentam níveis mais baixos de competição sexual.

Mas e os humanos? Se o osso-do-pênis é tão importante em competir por uma companheira e prolongar a copulação, então por que não temos um?

Bem, a resposta mais curta para isso é que os seres humanos não estão muito dentro da categoria de “inserção prolongada”. A duração média entre a penetração e a ejaculação para os humanos é inferior a 2 minutos.

Mas os chimpanzé-pigmeus só copulam por cerca de 15 segundos de cada vez e ainda têm um Báculo, mesmo que seja muito pequeno (cerca de 8 milímetros). Então, o que nos torna diferentes? É possível que isso tenha a ver com nossas estratégias de acasalamento.

Talvez devido essa curta duração de coito, junto a uma competição sexual mínima, tenha sido o motivo do fim da necessidade dos seres humanos terem esse osso, que é tão importante para acasalamento de outras especies.

Os cientistas apenas estão começando a reconstituir a função deste osso incomum. O que parece estar claro é que as mudanças no Báculo dos primatas são conduzidas, pelo menos em parte, pela estratégia de acasalamento de uma espécie.



Fonte
DEIXE UM COMENTÁRIO
WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com