Quem inventou o videogame?

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Em 2011, a indústria de videogames arrecadou US$ 17,01 bilhões em software físico (sem contar a venda online), estando presente em casas de muitas, muitas famílias em todo o mundo [fonte: Brightman]. Como é que a febre do videogame começou? Quem inventou o videogame?

A resposta é surpreendentemente complicada. No final de 1940, Thomas T. Goldsmith Jr. e Estle R. Mann patentearam o, discretamente chamado, Dispositivo de Raios Catódicos de Diversão, um aparelho eletrônico que incorporava superposições de tela onde os usuários se prendiam ao jogar alguns jogos básicos.

Em 1958, William Higinbotham criou um outro precursor notável dos videogames modernos, enquanto trabalhava no Departamento de Energia do Laboratório Nacional de Brookhaven, EUA. O aparelho simples, chamado “Tennis for Two” (Tenis para Dois), foi exibido em um osciloscópio. Imagine uma daquelas telas de monitor cardiaco de pacientes de hospitais. Era basicamente assim.

Embora esses e outros jogos electrônicos capturaram públicos e imaginações em todo o país, o primeiro videogame verdadeiro – um que transformasse sinais eletrônicos em imagens em uma tela por meio de algo chamado de padrão raster (ou bitmap) – não viria a surgir antes de 1967. Isso é quando um engenheiro chamado Ralph H. Baer criou o primeiro protótipo do que viria a se tornar o Magnavox Odyssey, um console de jogos de vídeo inovador que, juntamente com inúmeros imitadores, provocaria a febre do videogame dos anos 70 [fonte: The Lemelson Center] .

O mito, Ralph H. Baer, quem inventou o video game.
O mito, Ralph H. Baer, quem inventou o videogame

Hoje, Baer é amplamente referido como o “Pai dos Videogames”, uma grande distinção para alguém que começou sua carreira como técnico de rádio nos anos 40. Depois de servir como um especialista em armas de pequeno porte em toda a Segunda Guerra Mundial, Baer se matriculou no American Television Institute of Technology, graduando-se com um diploma em engenharia de televisão. Em 1951, Baer começou a tarefa de projetar “a melhor televisão do mundo” para uma empresa de televisão chamada Loral. Querendo fazer a televisão se destacar em relação à concorrência, Baer propôs a construção de um jogo eletrônico para o aparelho de televisão, mas o conceito provou ser muito estranho para seu gerente aprovar.

Felizmente para as legiões de gamers mundo a fora, a história não parou por aí.

Baer teria que esperar por mais de uma década antes que ele pudesse reviver a idéia, desta vez como o engenheiro-chefe na Sanders Associates. Com o apoio da empresa e com a ajuda dos colegas engenheiros William H. Harrison e William T. Rusch, Baer concluiu o primeiro sistema de videogame em 1967 [fonte: The Lemelson Center].

Brown Box, primeiro console de video game da história. Foto: omgnexus.com
Brown Box, primeiro console de videogame da história. Foto: omgnexus.com

Ao contrário de seus antecessores, o sistema de Baer era compatível com televisores comuns. Um protótipo seguia o outro, com cada novo design capaz de reproduzir jogos, cada vez mais complicados. No momento em que o sétimo e último protótipo, conhecido internamente como Box Brown, foi concluído em 1968, a equipe de Baer também tinha desenvolvido vários jogos para o sistema. Além do jogo Chase Game, onde os jogadores perseguiam os quadrados uns dos outros ao redor da tela, e um jogo tipo “bola e joystick” que viria a inspirar a criação do game Pong, da Atari, a equipe de Baer desenvolveu um jogo de damas, vários outros games de esportes e até mesmo um jogo de tiro que usou um rifle periférico.

Depois de colocar os detalhes finais no console Brown Box, Baer começou a procurar por uma empresa disposta a produzir o seu sistema de videogames para o público. Em 1971, a Magnavox se tornou a primeira licenciada para a “Game TV” de Baer e desenvolveu o Odyssey, console de vídeo doméstico baseado na tecnologia. Assim como o Brown Box de Baer, ​​o Odyssey vinha com dois controles joysticks e um rifle periférico com sensor de luz, opcional. O sistema também veio com capas de plástico colorido de tela que permitiam que os jogadores jogassem os videogames com “cores”, bem como fichas de pôquer e outros acessórios de jogos de tabuleiro. O sistema foi um enorme sucesso, vendendo mais de 700.000 unidades para a empresa ao longo dos seguintes três anos, apesar do equívoco generalizado de que o console só funcionaria em aparelhos de televisão da Magnavox [fonte: The Lemelson Center].

Simon, no Brasil conhecido como Genius.
Simon, no Brasil conhecido como Genius.

Para alguns, ganhar o título de “Pai dos Videogames” seria suficiente, mas Baer continuou a desenvolver brinquedos e jogos para os anos que viriam. Em 1978, por exemplo, Baer criou o enorme sucesso Simon para Milton Bradley, tornando-se parte da cultura pop no processo. Hoje, Baer ainda está projetando novos designs e revivendo alguns antigos, tendo mais recentemente recriado um periférico que originalmente fora projetado para o Magnavox Odyssey.

Baer faleceu com 92 anos de idade, em Dezembro de 2014, deixando três filhos e mais de 150 patentes registradas.

“O que eu criei se tornou uma abominação”

A violência que hoje aparece nos jogos de videogame não agradava Ralph Baer. “O que eu criei se tornou uma abominação”, disse o cientista, em entrevista à Salt Lake Tribune, no ano de 2011. Sua morte foi confirmada pelo site Gamasutra.



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