Será que desastres naturais estão ocorrendo com mais frequência?

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Os Furacões Harvey e Irma causaram grandes estragos aos estados do Texas e da Flórida, respectivamente, o que deixou os residentes dos dois lugares assustados e imaginando se outro fenômeno desse tipo apareceria em breve. E a temporada de furacões ainda não chegou ao seu ápice. Assim, surge a seguinte questão: o número de desastres naturais que atingem os Estados Unidos está aumentando ou será que essa ideia tem influência da mídia?

A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês) mantém um site para poder ajudar a responder essa questão. Ele lista desastres desde a década de 80 e registra a data, localização, número de mortes e o custo total de cada uma.

Grandes desastres podem causar imensos danos, como destruir habitats naturais, mudar o curso de rios e matar pessoas inocentes. No entanto, designar valores específicos para avaliar esses tipos de danos costuma ser algo difícil.

Por exemplo, avaliar os danos econômicos diretos de um desastre pode ser algo relativamente simples. Empresas de seguros e agencias governamentais recebem danos e reivindicações de perda para quantias específicas. E elas costumam ser incluídas na conta para produzir um total.

Como que o governo dos EUA rastreia desastres

O governo dos EUA já realizou grandes esforços para garantir que as informações a respeito de desastres sejam confiáveis, combinando os dados de suas agências com o de pedidos de seguro.

E os furacões são apenas uma parte dessas informações. Diversos outros desastres, como tempestades de neve, ondas de calor, secas e enchentes também entram nessa conta. Invernos com temperaturas congelantes também são considerados, por destruírem plantações e matar rebanhos de gado.

O governo garante que os custos são medidos de forma precisa. O custo total de cada evento inclui o que é ou não coberto por uma seguradora. Nessa conta, entram danos a construções, estradas e infraestrutura, bem como o que é destruído no interior de edificações. Outro fator considerado é o lucro perdido em negócios, já que foram forçados a fechar temporariamente.

Só que nesse caso, também não é designado um valor para qualquer uma das vidas humanas que foram perdidas. Mesmo se um furacão matar centenas de pessoas, nenhum ajuste é feito, considerando essas mortes.

Além disso, os valores não são ajustados de acordo com a inflação. Isso é muito importante, pois US$ 1 bilhão em 1980 é o equivalente, atualmente, a US$ 3,15 bilhões, considerando o ajuste. Filmes de Hollywood sempre quebram recordes de bilheteria porque a indústria cinematográfica não leva em conta a inflação na venda de ingressos.

Sem esses ajustes, os desastres costumam se tornar cada vez mais caros com o passar do tempo, e como ocorre com os filmes de Hollywood, sempre acabam quebrando recordes, mesmo que, na prática, isso não ocorra.

O que as informações mostram

Desde 1980, a NOAA já registrou 212 desastres diferentes, que em seus cálculos, já causaram US$ 1,2  trilhão em danos.

Análises de dados da NOAA mostram que o número de desastres que chegaram à marca do bilhão de dólares só aumentou com o passar do tempo. Em um ano da década de 80, os EUA vivenciavam uma média de 2,7 desastres a cada ano. Já nos anos 90 e 200, as ocorrências subiram para 4,6 e 5,4 por ano, respectivamente.

Desde então, a frequência de desastres dispendiosos só aumentou. Na atual década, até agora, cada ano registrou uma média de 10,5 desastres. E esse aumento adiciona um custo de um bilhão de dólares por desastre a casa quatro anos.

Os números retratam um cenário verdadeiro?

Mesmo se levarmos em conta o ajuste de inflação, um fator chave para que os desastres se tornem cada vez mais caros é o simples fato de que a economia é muito maior atualmente do que na década de 80.

Quando a economia era menor, os desastres causavam danos econômicos bem menores. Existiam menos casos, fábricas e escritórios para serem destruídos, então era muito difícil um desastre natural causar bilhões de dólares em danos.

Desde a década de 80, a economia americana mais que dobrou. O Produto Interno Bruto (PIB) passou de US$ 6,5 trilhões para US$ 17 trilhões de dólares. Por conta disso, a NOAA deveria avaliar seus dados levando em conta o tamanho da economia. Em outras palavras, um furacão que acontece hoje causa mais que um idêntico que ocorreu décadas atrás pelo simples fato de que existem mais coisas para serem destruídas.

Igual loteria

No geral, as pessoas também costumam superestimar o impacto de eventos com pequena probabilidade. Por exemplo, muitos acreditam que possuem uma chance boa de ganhar na loteria. Caso contrário, ninguém perderia seu tempo fazendo apostas.

Desastres são como loteria: enquanto que milhões de pessoas foram afetadas pelo Harvey, outros milhões não estavam no caminho do furacão. Só que toda a cobertura da mídia nos fez acreditar que se tratava de um desastre sem precedentes.

Mesmo assim, se levarmos em conta que o número de desastres dispendiosos está aumentando – mesmo que lentamente – políticos deveriam se preocupar em reforçar códigos de construções e realizar outras mudanças para garantir que a população esteja bem preparada e corra menos riscos. Se construções, sejam elas residenciais ou comerciais, fossem melhor desginados para resistir a inundações, fogo e vento, tais custos cairiam drasticamente.

E, acima de tudo, se você mora em um local que é alvo constante de desastres, lembre-se de estar preparado. Tenha um plano, estoque água e comida, guarde seus documentos e esteja preparado para evacuar o local, caso seja necessário.

Fonte: LiveScience
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