Viajar para Marte pode não ser tão simples quanto pode parecer. Entre os vários empecilhos está a radiação cósmica, que pode danificar o sistema digestivo dos astronautas, além de causar vários outros efeitos negativos. A Nasa está estudando todos os problemas que viagens espaciais tão longas poderiam causar aos astronautas.
Testes feitos pela Nasa com camundongos que foram expostos ao mesmo tipo de radiação que os astronautas seriam submetidos mostraram que a longa exposição causaria danos no intestino. A radiação afetaria os tecidos de todo o sistema digestivo e aumentaria drasticamente a possibilidade do aparecimento de tumores no estômago e cólon.
Kamal Datta, cientista da NASA e da Georgetown University Medical Centre é um dos autores do estudo. Ele explica que a raiz do problema está na dificuldade em proteger os astronautas dessa radiação em viagens tão longas. “Enquanto viagens curtas não expõem os astronautas a este nível de dano, a real preocupação são problemas decorrentes de viagens longas, nas quais o risco é muito maior” afirmou.
A Nasa continua estudando danos causados pela radiação em outras partes do corpo. Os camundongos foram submetidos a uma intensidade menor e mesmo assim os efeitos já foram perceptíveis. Em caso de uma viagem a Marte, o dano causado aos astronautas poderia ser até mesmo irreversível.
Acima do limite
Segundo dados recentes da agência espacial europeia, obtidos através de medições realizadas pelo satélite Trace Gas Orbiter (TGO), uma viagem de ida e volta para Marte poderia expor os astronautas a uma quantidade de radiação que representa 60% do limite a que eles podem ser submetidos durante toda a carreira.
A quantidade de radiação recebida foi medida em 0,3 sievert, unidade de medida usada para mensurar incidência de radiação. Durante toda a carreira, um astronauta pode ser submetido a 1 sievert, o que significa que em uma viagem de ida e volta do planeta vermelho, 60% desse limite já seria alcançado.
