Apropriação cultural: quando a homenagem mais atrapalha do que ajuda

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Em tempos de Carnaval, não é raro que o debate sobre apropriação cultural acabe tomando a mídia e as redes sociais. Afinal, o que é isso?

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A expressão define o ato de se caracterizar ou se fantasiar de algo relacionado a uma etnia diferente da sua, se apropriando de elementos de determinada cultura, como vestimenta, idioma e vários outros detalhes.

A apropriação cultural tem, ao menos originalmente, um sentido relacionado ao capitalismo, ao ato de mercantilizar elementos de um determinado povo ou cultura, com foco principalmente em vestuário e acessórios estéticos.

Um exemplo muito antigo e comum no Brasil é o uso de turbantes como acessório de moda.

A peça tem importância cultural e religiosa para diversos povos, incluindo alguns vindos da África e praticantes do candomblé.

Por isso, vender e usar turbantes como uma acessório comum é considerado uma ofensa, já que se tira o real sentido daquilo para o povo, etnia ou religião ao qual ele pertence originalmente.

Apropriação cultural e fantasias inapropriadas

Na época do Carnaval, onde as pessoas costumam usar fantasias para ir em festas e blocos de rua, o debate sobre a apropriação cultural é fundamental.

Muitas escolhas de look acabam por esvaziar de significado vários elementos de povos e culturas que não possuem nenhuma conexão com os foliões.

Dentre as mais comuns no Carnaval brasileiro, as “fantasias” de índio e ‘cigano’, por exemplo, são consideradas ofensivas. O chamado “blackface” (pintar uma pele branca com tinta preta) também é um ato extremamente racista.

Outras ideias inapropriadas: orixás e demais elementos religiosos, travesti/banalização de pessoa LGBT+, “vestir-se de mulher”, serial killers/criminosos notáveis, cangaceiro, gueixa e muçulmanos. O ideal é sempre apelar para o bom senso e refletir um pouquinho antes de decidir a vestimenta.

Alessandra Negrini e a luta indígena

Um caso recente de apropriação cultural mostrado pela grande mídia foi o da atriz Alessandra Negrini, que sempre marca presença nos blocos de Carnaval em São Paulo.

Em 2020, ela desfilou utilizando adereços e pinturas corporais remetendo a povos indígenas. Ela justificou o uso da fantasia com o fato de apoiar a luta indígena por reconhecimento e demarcação de terras no Brasil.

A atriz, branca, estaria, na visão de algumas lideranças indígenas, banalizando os elementos culturais dos povos originários, além de atrair a atenção da mídia para si própria, ao invés de divulgar a causa indígena, como justificou. Leia mais e entenda essa história.



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