10 fatos falsos sobre a Idade Média que acreditamos ser verdade

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A Idade Média é um dos períodos mais conhecidos e populares da história, e teve início com a queda de Roma, em 476, e durou até meados do século XIV. Geralmente, acreditamos que se tratou de um tempo no qual a Igreja restringia qualquer progresso científico, que as pessoas só bebiam cerveja e vinho por conta da contaminação da água e que a crença de que a Terra era plana era muito difundida.

Mas saiba que tudo isso não é verdade. Confira abaixo 10 fatos falsos sobre a Idade Média que acreditamos ser verdade:

1) O cristianismo interrompeu o progresso científico e invenções

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Um mito muito comum na época da Idade Média é que o rígido sistema religioso – e distrações como a peste negra – colocaram um fim ao pensamento científico e avanços tecnológicos. Especialmente na época da Inquisição. Mas isso não era verdade.

Começaremos com a própria Igreja. Ao invés de ignorar pensadores, a igreja medieval estabeleceu um currículo para estudantes universitários, que incluia ciências e matemática. No século XI, estudante começaram a construir uma ponte entre os antigos ensinamentos gregos  e a ciência do período renascentista, e reimaginavam a bíblia como uma espécie de guia para descobrir a verdade sobre o mundo. Compreender o mundo – e sua ciência – deixaria as pessoas mais perto de Deus.

Registros do século XVI mostravam alguns dos avanços tecnológicos da Idade Média. A imprensa, moinhos de vento, óculos, relógios, pigmentos para tintas, compassos magnéticos e o desenvolvimento de alimentos como açúcar e azeite são alguns exemplos de coisas que surgiram na época.

A própria igreja desenvolveu a chamada ciências mistas, que combinavam observações do mundo físico com a matemática, o que criou a mecânica. Ótica, botânica, mineralogia, zoologia e fisiologia também eram ensinados, ao lado de astrologia e frenologia.

2) Cintos de castidade eram populares

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Imaginamos que nessa época, um marido, que não era capaz de confiar plenamente em sua esposa,  lhe colocava um cinto de castidade e saia para fazer seus afazeres. Isso não é apenas mentira, mas acredita-se que um piada surgida na época.

A primeira vez que foi feita menção a um cinto de castidade surgiu em 1405, em um livro. Só que ele era um livro de comédia, então muitos historiadores acreditam que se tratava de uma sátira a época do império romano, no qual desamarrar uma corda na cintura da noiva era parte da tradição no dia de núpcias. Essa corda era para simbolizar a castidade, e não reforçá-la. Então, considere que se tratou  de transformar algo simples em uma coisa meio bárbara. Sem contar a falta de praticidade do instrumento, especialmente com sua higiene.

3) Todos acreditavam que a Terra era plana

Quando alguém diz que ainda acredita na ideia de que a Terra é plana, consideramos isso um insulto, e  que ela pensa igual uma pessoa da Idade Média. Mas não é bem assim.

Existiam muitas pessoas que acreditavam que a Terra era plana, como os habitantes da Grécia Antiga, a Mesotopâmia e os Egípcios, mas se você percebeu, são civilizações bem antigas. A partir do século VI, as pessoas começaram a perceber que o planeta não era plano, e com o passar dos séculos, a ideia já era bastante difundida.

4) O Direito da Primeira Noite era algo comum

O filme Coração Valente nos mostrou o chamado Direito da Primeira Noite, no qual um senhor feudal tinha o direito de desvirginar a noiva em sua noite de núpcias. Se nos lembrarmos do fato de que o filme possui suas falhas históricas, não seria novidade dizer que esse é outro erro do longa.

A ideia surgiu pela primeira vez no conto Epopeia de Gilgamesh, escrito na Mesotopâmia. O rei Gilgamesh colocava essa ideia em prática, pois sua “luxúria não pouparia uma só virgem, nem a filha do guerreiro, nem a mulher do nobre”. Mas saiba que não existe qualquer prova de que um rei ou lorde real era um péssimo convidado de casamento. Assim, muitos historiadores acreditam que se tratava de um gesto simbólico, por mais estranho que possa ser.

5) Mulheres só criavam os filhos e cuidavam da casa

Quando o assunto é mulheres na Idade Média, já é automático pensarmos que as únicas tarefas delas eram dar a luz (e as vezes, morrer durante o parto)  e cuidar dos filhos e da casa. Mas por incrível que pareça, elas já possuíam um certo nível de igualdade com os homens.

Sim, as mulheres tinham como principais tarefas tomar conta da casa e dos filhos, mas elas também costumavam ajudar na colheita de plantações, bem como seus subprodutos, como têxteis e panificação. Também era muito comum ver mulheres tomando conta de lojas, tavernas e hotéis.

Parte disso se deve a imagem da Virgem Maria, que era respeitada por homens e mulheres. Em 1300, a peste negra diminuiu metade da população de Londres, e a vida precisava continuar. Assim, muitas viúvas precisaram tocar negócios e gerenciar trocas, e as mulheres mais jovens se tornaram aprendizes. E aquelas que não perderam seus maridos, gerenciavam os negócios ao lado deles.

Por fim, elas eram maioria em uma profissão que ninguém jamais imaginaria que isso acontecesse: muitas eram mestras cervejeiras.

6) As pessoas só viviam até os 30 anos

A vida na época da Idade Média era mais perigosa, com certeza, mas lembre-se que existe uma grande diferença entre tempo e expectativa de vida.

O tempo de vida é quanto tempo uma pessoa vive, e você possui apenas uma. Já a expectativa de vida muda conforme você envelhece, e mede suas chances de sobreviver aos perigos do tempo em que você vive. E desde que registramos a história, a média de tempo de vida humana nunca mudou muito, e muitas pessoas conseguem chegar até os 70, 80 ou 90 anos.

Na Idade Média, existiam diversos fatores que diminuiam a expectativa de vida das pessoas, mas era comum ver muitas delas chegarem a viver de 60 a 70 anos. Se você conseguisse sobreviver a pontos cruciais da vida nessa época, como a infância e o nascimento dos filhos, as chances de chegar a terceira idade se tornavam grandes.

7) A água era contaminada, então as pessoas só bebiam vinho e cerveja

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Essa é uma que ficaremos desapontados de saber que é mentira. Afinal, a vida inteira escutamos que o pessoal na Idade Média não bebia água por medo de contaminação, e que era mais seguro beber vinho e cerveja.

Muitas cidades medievais foram construídas próximas de fontes e nascentes de água. E já nessa época, indústrias que tinham potencial para contaminá-la precisavam seguir diversas regras e legislações, e deveriam garantir que haveria água suficiente para todos beberem. Existiam até mesmo estruturas dedicadas para limpar as impurezas da água.

Em 1236, Londres construiu um sistema de distribuição de água, que a bombeava por toda a cidade. Se você fosse um pouco mais rico, poderia conectar sua casa diretamente com o sistema. Ou seja, algumas casas medievais já possuiam até mesmo um sistema de encanamento.

8) A medicina medieval era louca

Imaginamos que a medicina medieval era algo muito louco, e que era normal perfurar um buraco no seu crânio para remover algum espírito ruim. Mas o conhecimento médico já existia na época, e possuia seus avanços, mesmo que as técnicas utilizadas fossem bem primitivas.

Por exemplo, um tratamento comum para queimaduras era deixar uma lesma ou caracol  andar por cima da área queimada. Algo nojento, mas funcionava. Tanto que é utilizado até hoje em alguns lugares. Se uma pessoa estivesse com problemas oculares, um tratamento comum era deixar um pedaço de cebola, alho, vinho ou a bile de bovinos marinando por nove dias. Depois desse tempo, bastava pegar a mistura e passá-la no rosto, que funcionava.

Mesmo que muitas pessoas da época acreditassem que observar o zodiaco possuia propriedades de cura, a medicina da Idade Média desenvolveu conceitos utilizados até hoje, como examinar os fluidos corporais (como a urina) para identificar o que estava errado com uma pessoa.

9) Temperos se tornaram populares para melhorarem carne podre

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Essa ideia já pode ser refutada logo de cara. A verdade é que conseguir temperos, naquela época, era algo extremamente caro. Apenas os mais ricos conseguiam comprar canela e gengibre, que era oriundos do leste asiático.

Também não era comum comer carne podre e vencida, pois existiam leis para prever a venda de alimentos que não estavam próprios para consumo. E aqueles que não compravam carnes de açougues matavam os animais e comiam apenas o necessário.

Esse rumor surgiu de um livro de 1939, que registrava 5 séculos de dieta dos britânicos. O pesquisador que o escreveu fez menção ao uso de temperos em carnes vencidas, mas se contradisse logo em seguida, ao afirmar o quanto que era importante comer tudo de uma vez.

10) A Dama de Ferro era um instrumento de tortura muito comum

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Se você ler qualquer coisa sobre a tortura medieval, você encontrará histórias sobre a Dama de Ferro, que parecia ser algo assustador. Mas saiba que tudo não passa de conversa.

A primeira menção a Dama de Ferro na literatura aconteceu  no final do século XVIII, em referência a uma execução, que supostamente aconteceu em 1515. Mas se você fizer uma pesquisa sobre a tortura na época medieval, descobrirá que muitas informações são oriundas dos séculos XVIII e XIX, quando as pessoas já viviam em um período mais civilizado. Não existem evidências do uso de Damas de Ferro, e até mesmo aquelas que se tornaram famosas, como a Dama de Ferro de Nuremberg, surgiram no século XIX, e tudo não passava de uma fraude ou brincadeira.

Um professor de direito penal da Universidade de Biefeld, na Alemanha, afirma que qualquer exemplar da Dama de Ferro, é na verdade, parte de um conjunto de peças medievais, com a intenção de chamarem a atenção para exibição comercial. Portanto, lembre-se que tudo isso é conversa fiada.

Fonte: Grunge
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