A malária mata quase meio milhão de pessoas por ano, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em algumas das áreas mais atingidas na África subsaariana, os mosquitos que carregam o parasita se tornaram resistentes aos inseticidas tradicionais, dificultando o combate.
Um novo estudo da Universidade de Maryland e colegas de Burkina Faso, da China e Austrália, sugere que um fungo geneticamente modificado para produzir toxinas de aranha e escorpião poderia ser um mecanismo de controle biológico altamente eficaz para combater os mosquitos.
O fungo foi criado especificamente para os mosquitos e não representa um risco para os seres humanos. Além disso, os resultados do estudo sugerem que o fungo também é seguro para as abelhas e outros insetos. O estudo foi publicado on-line na revista Scientific Reports, em 13 de junho de 2017.
“Neste artigo, informamos que nossas estirpes de fungos mais potentes, projetadas para expressar toxinas múltiplas, são capazes de matar mosquitos com um único esporo”, disse Brian Lovett, um estudante de pós-graduação no UMD Department of Entomology e um co-autor do estudo.
“Nós também informamos que nossos fungos transgênicos impedem que os mosquitos se alimentem de sangue. Juntando, isso significa que as nossas cepas de fungos são capazes de prevenir a transmissão de doenças em mais de 90% dos mosquitos após apenas cinco dias”.
Os pesquisadores usaram o fungo Metarhizium pingshaensei, que é um assassino natural de mosquitos. Ele foi originalmente isolado de um mosquito e evidências anteriores sugerem que o fungo é específico para espécies portadores de doenças, incluindo Anopheles gambiae e Aedes aegypti.
Quando os esporos do fungo entram em contato com o corpo de um mosquito, os esporos germinam e penetram o exoesqueleto do inseto, matando o inseto de dentro para fora.
Inicialmente, o fungo requer doses elevadas de esporos e uma grande quantidade de tempo para ter efeitos letais. Mas isso é verdadeiro apenas para o fungo encontrado na natureza.
Para impulsionar o poder mortal do fungo, os pesquisadores criaram uma variação com vários genes que expressam neurotoxinas do veneno de aranha e escorpião – sozinhas e em combinação com outras toxinas.
Os pesquisadores então testaram as cepas de fungos manipulados em mosquitos resistentes a inseticidas e capturados na natureza em Burkina Faso. Todas as cepas modificadas mataram mosquitos de forma mais rápida e eficiente.
Dessa forma, existe a esperança de que o uso do fungo possa ser uma nova opção menos agressiva e mais eficiente capaz de combater a presença dos mosquitos e assim diminuir os casos de malária em áreas afetadas.