Em 15 de agosto de 1945, a população japonesa escutou a voz do Imperador Hirohito pela primeira vez. Em uma mensagem de rádio, o monarca declarou que a guerra estava perdida. Apesar de não ter dito, explicitamente, que o Japão se rendeu, seu comunicado marcou o fim oficial da Segunda Guerra Mundial.
Apesar de muitos japoneses descobrirem que o país saiu derrotado do conflito, muitos dos militares que lutavam em todo o continente asiático, especialmente nas ilhas do Pacífico, não acreditaram nas palavras do imperador e não aceitaram se render ou sequer receberam a notícia.
Confira abaixo 10 soldados japoneses que não se renderam após o término da Segunda Guerra Mundial:
10) Sakae Oba
Estacionado na ilha de Saipan durante a Segunda Guerra Mundial, o Capitão Sakae Oba era um veterano do Exército Imperial Japonês que estava em serviço desde 1934. No verão de 1944, 32 mil soldados japoneses estavam na ilha, se preparando para a batalha decisiva contra os EUA.
A Batalha de Saipan começou em 15 de junho. Claramente superados em número, os japoneses lutaram por algumas semanas sem a intenção de se render. Só que 90% deles morreram ou cometeram suicídio. O conflito terminou em 9 de julho.
Só que o Capitão Oba, responsável pela companhia médica do exército, não quis desistir e levou diversos soldados até a floresta da ilha. Ele se recusou a desobedecer às ordens de lutar contra os americanos até a morte ou morrer com honra. Em seu reduto, Oba e seus homens conduziram operações de guerrilha contra os soldados dos EUA, como forma de proteger a ilha.
Sem saber que o Japão acabou se rendendo do verão do ano seguinte, Oba e seus homens continuaram lutando até novembro. Eles se renderam apenas em 1º de dezembro de 1945, após um ex-general ir até o local e convencê-lo de que a guerra terminou.
9) Ei Yamaguchi
Uma das batalhas mais sangrentas do front do Pacífico da Segunda Guerra Mundial aconteceu em 1944, na ilha de Peleliu. Os americanos mobilizaram suas forças para tirar os 11 mil japoneses do controle do local. Entre eles, estava o Tenente Ei Yamaguchi.
A Batalha de Peleliu começou em 15 de setembro. O exército americano não teve muito sucesso no início, já que os japoneses fizeram bom uso do terreno montanhoso e das cavernas do local para se defenderem. Muitos americanos morreram antes que a vitória dos EUA fosse sacramentada dois meses depois.
A maior parte dos soldados japoneses foi morta ou capturada. Só que Yamaguchi, leal aos seus deveres, levou 33 homens para o complexo sistema de cavernas da ilha e realizou ataques periódicos contra os americanos por anos.
Yamaguchi e seu grupo não se renderam até 27 de abril de 1947, após as ordens de um ex-almirante japonês.
8) Shoichi Yokoi
Em 21 de julho de 1944, os EUA iniciaram um ataque em larga escala para retomar a ilha de Guam, que estava sob controle japonês desde dezembro de 1941. A batalha terminou em 10 de agosto e mais de 18 mil soldados japoneses morreram.
Só que alguns deles não apenas conseguiram sobreviver, mas também permaneceram livres. Entre eles estava o jovem soldado Shoichi Yokoi.
Com a ajuda da densa vegetação do local, Yokoi se isolou e foi morar em uma caverna. Como era um alfaiate, utilizou a destreza de seus dedos não apenas para fazer roupas, mas também para caçar e pescar o necessário para sobreviver.
Surpreendentemente, ele conseguiu viver praticamente sem perturbações até 24 de janeiro de 1972, quando foi capturado por habitantes locais. Yokoi retornou para o Japão com muita expectativa, apesar das enormes mudanças que ocorreram no país em três décadas.
7) Yamakage Fukufu
A derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial já era aparente desde o início de 1945. Nesse período, as forças americanas se aproximaram da Ilha de Iwo Jima. Situada apenas a 1.220 km de Tóquio, seria uma base estratégica para os americanos lançarem um ataque ao território japonês.
A Batalha de Iwo Jima teve início em 19 de fevereiro, com um enorme bombardeio contra os 20 mil soldados japoneses que estavam nas trincheiras da ilha. Os americanos declararam sua vitória em 26 de março, após uma intensa e sangrenta batalha.
Quase todos os japoneses morreram no combate ou sucumbiram a doenças e ferimentos. Só que dois metralhadores conseguiram sobreviver: Yamakage Kufuku e Lionsoki Matsudo.
De forma incrível, eles conseguiram se esconder em cavernas próximas das tropas americanas por quase quatro anos. Eles não apenas sobreviveram, mas pareciam estar bem alimentados com suprimentos americanos que foram roubados até serem apreendidos em 6 de janeiro de 1949.
6) Noboru Kinoshita
Conforme as forças americanas chegavam perto das principais ilhas japonesas, ficou mais difícil para os japoneses abastecerem suas tropas com soldados, materiais e suprimentos. Muitos navios eram abatidos pela marinha dos EUA, o que complicava a tarefa.
Só que um militar que vivia em um desses navios que naufragaram conseguiu sobreviver a um dos ataques. Noboru Kinoshita conseguiu nadar até a ilha filipina de Luzon e se escondeu na quase impenetrável selva do local, onde comia qualquer coisa que encontrava, como macacos e répteis. E evitou sua captura por 11 anos. Só que durante sua custódia, ele cometeu suicídio, pois acreditava que seria vergonhoso retornar para o Japão.
5) Bunzo Minagawa
Bunzo Minagawa chegou a Guam em 1944, como um dos milhares de soldados japoneses enviados para repelir a grande invasão americana. Os japoneses falharam e a maior parte da tropa morreu em ação, particularmente após um fútil ataque estilo banzai.
Minagawa estava entre os poucos sobreviventes e procurou refúgio nas densas matas de Guam, dando início a uma jornada que durou 16 anos.
Posteriormente, ele ganhou a companhia de Masashi Ito. Os dois homens sobreviveram após roubarem comida dos nativos, incluindo gado para conseguir carne, além de coletarem itens úteis de depósitos militares americanos. Eles mantiveram esse estilo de vida até serem capturados por habitantes locais em 1960, quando retornaram ao Japão.
4) Hiroo Onoda
Os Americanos foram até as Filipinas em 1944, após quase três anos de ocupação japonesa. Os conflitos se estenderam até algumas semanas depois do fim oficial da Segunda Guerra Mundial.
A razão é que como as Filipinas são compostas de milhares de ilhas e a infraestrutura de comunicação do exército japonês foi desmantelada pelas Forças Aliadas, muitos soldados japoneses não sabiam da rendição do país ou se recusaram a acreditar no fato.
Entre os soldados que não aceitaram a rendição nas Filipinas, o mais famoso deles é o Tenente Hiroo Onoda. Ele foi enviado até a ilha de Lubang no final de 1944 para destruir equipamentos e instalações dos americanos. Onoda recebeu ordens para não se render ou cometer suicídio.
Demonstrando uma enorme devoção ao seu dever, Onoda lutou nas montanhas, ao lado de três companheiros, por anos, período em que matou alguns habitantes do local. Ele permaneceu assim até 1974, quando seu ex-comandante foi até a ilha e lhe deu ordens para se render.
3) Yuichi Akatsu
Nem todos os soldados japoneses que não se renderam continuaram a lutar ou se esconderam. Um deles foi Yuichi Akatsu, que durante alguns anos, aterrorizou os filipinos ao lado de Hiroo Onoda.
Apesar de ser apenas um soldado e sujeito as ordens de Onoda, Akatsu decidiu se entregar para a polícia em 1949. Antes de retornar ao Japão, ele ajudou as autoridades a procurar Onoda e os outros dois homens, mas eles conseguiram escapar.
2) Nitaro Ishii
Nitaro Ishii fazia parte de um grupo de quatro soldados que sobreviveram nas montanhas da ilha filipina de Mindoro por anos, sem qualquer contato com outras pessoas.
Em 1954, ele se tornou amigo de alguns aldeões das proximidades. O relacionamento do grupo com os locais era mutualmente benéfico, já que os japoneses trocavam uma bebida alcoólica que faziam por sal.
De fato, a relação cresceu tanto que chegou ao ponto de Ishii quase se casar com a filha do chefe do local. Mas antes que isso acontecesse, os quatro homens foram localizados pelas autoridades e voltaram para o Japão.
1) Teruo Nakamura
Nem todos os militares do exército japonês eram realmente japoneses. Alguns, por exemplo, nasceram em Taiwan, que fazia parte do Império Japonês na época. Um deles era o soldado Teruo Nakamura.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Nakamura ficou estacionado na ilha indonésia de Morotai em 1944, quando as forças aliadas atacaram e venceram a resistência japonesa.
Assim como outros soldados japoneses, Nakamura desapareceu no acidentado interior da ilha, onde viveu, na maior parte do tempo, sozinho. Ele foi descoberto em dezembro de 1974 e ficou conhecido por ser o último militar japonês a se render. Ele voltou para Taiwan, que já era independente do Japão há tempos e morreu alguns anos depois de câncer de pulmão.