Despersonalização: a doença das pessoas que não são capazes de amar

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Você provavelmente nunca ouviu falar do transtorno de despersonalização. Mas deveria! O distúrbio que faz com que seus portadores se sintam desconectados de seu corpo e do mundo ao seu redor, apesar de pouquíssimo conhecido e falado, é bastante comum.

Estudos estimam que uma em cada 100 pessoas são afetadas pela doença – incidência semelhante à de problemas como transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e a esquizofrenia. Mesmo assim, o transtorno permanece extremamente negligenciado pela comunidade médica.

Dentre os sintomas da despersonalização, as pessoas que a portam sentem-se emocionalmente anestesiadas, incapazes de sentir. O distúrbio mental faz o mundo parecer surreal, estar sob um nevoeiro ou bidimensional.

“Relacionamentos que você sabe que valoriza profundamente perdem sua qualidade essencial. Você sabe que ama sua família, mas sabe disso apenas em termos acadêmicos – em vez de sentir (amor) do jeito normal”, explicou Sarah, uma atriz britânica portadora da doença que falou sobre o assunto com a BBC em Londres.

Os poucos especialistas no assunto acreditam que o desenvolvimento do transtorno pode estar ligado ao estresse e que as crises surjam como mecanismo de defesa. É o mesmo que dizer que a mente tenta “desligar” a realidade para lidar com traumas ou ansiedade. Também se acredita que a despersonalização pode ser desencadeada pelo uso de drogas.

Os surtos da doença podem vir em forma de experiências verdadeiramente assustadoras para seus portadores: não reconhecimento de lugares como a própria casa ou pessoas da família; sentir-se fora do próprio corpo; enxergar o mundo em 2D, achatado; ataques de pânico; não reconhecer a si mesmo no espelho; entre outros sintomas.

“Eu estava lendo, segurando o livro, e de repente minhas mãos pareciam uma foto de um par de mãos. Eu sentia uma espécie de separação entre o mundo físico e minha percepção sobre ele”, relatou Sarah sobre seu segundo surto do transtorno.

Se não forem tratados, alguns pacientes acabam tendo de conviver com o problema durante a vida inteira.

Despersonalização: existe tratamento?

A resposta é “sim”. Com diagnóstico correto e tratamento adequado, pessoas com transtorno de despersonalização podem ter uma vida completamente normal e tranquila.

É o caso de outra paciente também chamada Sarah e que também conversou com a BBC. Sarah Ashley é gerente de vendas e portadora da doença, que conseguiu controlar com o tratamento. “Eu não conseguia comer, dormir. Agora, eu enfrento episódios de despersonalização, mas consigo lidar com eles rapidamente”.

A médica britânica Elaine Hunter, responsável pelo único centro de tratamento do transtorno de despersonalização no Reino Unido, explica que o tratamento inclui sessões de terapia cognitiva comportamental e, em alguns casos, medicação.



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