Saiba como é viver em Oymyakon, a cidade mais fria do mundo

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Cílios congelados, perigo constante de geladura/úlcera de gelo e carros que ficam ligados quase que o tempo todo para evitar o congelamento de suas baterias durante o inverno. Essa é a vida em Oymyakon, uma vila de pouco mais de 500 habitantes da na região da Iacútia, na Rússia, que possui a distinção de ser a ocupação humana mais fria do planeta.

E essa reputação não é brincadeira. No momento em que esse texto foi escrito, a temperatura no local era de menos 39 graus Celsius. E a menor mínima já registrada na história atingiu a marca de incríveis menos 72 graus Celsius, em 2013.

Oymyakon fica 21 horas no escuro durante o inverno, e por conta de sua reputação, já virou alvo da curiosidade de muitas pessoas ao redor do mundo, que desejam saber como é viver no local e ver a resistência de seus habitantes a condições extremas como essa.

Um fotojornalista neozelandês, chamado Amos Chapple, viajou até o local, no ano de 2015, para ver como é a vida dos habitantes de Oymyakon durante o inverno.

A vila fica em um local remoto, localizada próxima do Círculo Ártico e a 800 km de distância da cidade grande mais próxima, uma viagem que já é considerada desafiadora, segundo as palavras de Chapple.

Após encarar sete horas de avião, em um voo que saiu de Moscou (que está a mais de 5 mil km de distância), pegou uma carona para a vila após aguardar dois dias em uma cabana, onde só se alimentava de sopa de rena. “Após alguns dias, já estava fisicamente destruído apenas por andar nas ruas por algumas horas”, disse.

E nem seria preciso dizer que o frio extremo do local dita quase todos os aspectos de quem vive no local.

Durante o inverno, quem mora em Oymyakon se alimenta apenas de carne, que costuma ser comida crua ou até mesmo congelada, já que é impossível plantar qualquer coisa nessas condições. Algumas das especialidades do local são a stroganina, que são raspas de peixe congelado (stroganinga é a própria palavra raspa em russo), carne de rena, fígado de cavalo congelado e cubos de sangue do animal congelados, misturados com macarrão.

“Iacutianos amam comer comida gelada, o peixe cru congelado do Ártico, salmão branco, peixes brancos e fígado de cavalo congelado, que são consideradas iguarias”, disse Bolot Bochkarev, morador da vila.

“Na vida cotidiana, gostamos de comer sopa com carne. Carne é um item obrigatório. Ajuda bastante na nossa saúde”, complementou.

Em um vídeo gravado em Oymyakon (assista abaixo), é mostrado um mercado de peixes, aberto para negócios no meio da tundra russa, com peixes sendo exibidos sem qualquer tipo de refrigeração. O narrador do vídeo diz que a temperatura, no momento da gravação, é de menos 49 graus, e o próprio admite que está muito frio.

“Enquanto filmava o mercado, minhas mãos congelaram e doíam muito. E os vendedores ficam ali todo o dia. Como que eles conseguem se esquentar?”, disse o narrador, em entrevista para o jornal russo Siberian Times.

A vila costumava ser um ponto de parada, na década de 20 e 30, para criadores de renas, que levavam seus rebanhos para uma fonte termal do local, que não congela. Em Oymyakon, os banheiros precisam ficar do lado de fora das casas, pois o solo é frio demais e congela qualquer encanamento. Segundo o Weather Channel, o solo precisa ser aquecido com uma fogueira até mesmo para abrir um simples buraco ou uma cova.

A assessoria de imprensa do governador da região explicou que todas as casas possuem aquecedores e geradores de energia.

Durante sua viagem, Amos Chapple disse que não foi fácil fazer entrevistas nas ruas do local por conta do frio extremo, já que as pessoas rapidamente vão de um local para outro para se aquecerem. E por conta disso, o alcoolismo se tornou um problema na área, de acordo com o fotojornalista.

Chapple também disse que até mesmo a saliva congela nessa condições, se tornando “agulhas que alfinetavam meus lábios.”

Gravar também foi um desafio, já que até mesmo a câmera congelava e impossibilitava a tarefa. E quando conseguia, precisava segurar a respiração, já que muita fumaça saia de sua boca e atrapalhava as filmagens. E disse que quando foi tirar uma foto sem suas luvas, viu que seu dedão ficou parcialmente congelado.

E o fotojornalista não deixou de notar uma placa famosa da cidade, com os dizeres “O pólo do frio.”

Fonte: Science Alert
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