Em um passado já distante, era muito comum ver livros e diversas publicações semelhantes serem banidas por uma série de motivos, como no famoso período da inquisição. Mas esse é costume que ainda existe em pleno Século 21 e costuma afetar obras que abordam conteúdos considerados sensíveis e polêmicos ou segredos que não poderiam ser revelados.
Confira abaixo 10 livros que foram banidos no Século 21.
10) You: An Introduction
Educação sexual é um assunto ainda muito controverso, especialmente entre organizações religiosas, que promovem relações heterossexuais e monogâmicas.
E é exatamente isso que foi abordado no livro You: An Introduction, de autoria de Michael Jensen, voltado para responder questões de cunho sexual para jovens adultos a partir de uma perspectiva bíblica.
No entanto, a obra foi banida do estado de Nova Gales do Sul, na Austrália, pelo Departamento de Educação local. A justificativa dada foi uma política do órgão, sem citar mais detalhes. Esse foi um dos três livros banidos de aulas de educação religiosa no estado, que são opcionais em cada escola pública.
9) Persepolis
Persepolis é um livro de autoria de Marjane Satrapi, que detalhava sua vida enquanto crescia em meio à Revolução Iraniana, algo ao estilo do famoso Diário de Anne Frank.
A obra foi escrita no estilo romance gráfico e inclui algumas cenas um pouco perturbadoras, como os métodos de tortura utilizados por dissidentes iranianos.
Por conta disso, em 2013, o livro foi banido que qualquer escola pública da cidade de Chicago, pois existia a preocupação dos alunos não apreciarem o livro da forma apropriada. No entanto, a Associação Americana de Bibliotecas disse que a medida era uma forma de censura.
8) Love Comes Later
Love Comes Later é um livro escrito pela professora Mohanalakshmi Rajakumar, que leciona inglês na Universidade do Catar. A obra foi publicada fora do país em 2015, por que as próprias autoridades catarianas proibiram sua distribuição e venda no local.
O livro conta a história de um homem catariano que se torna noivo de sua prima após a morte de sua esposa. A obra aborda o desejo dos dois em manter esses laços, mas sem desrespeitar as tradições locais.
Em um momento, o homem beija uma mulher que não é a sua noiva. Muitos acreditam que esse foi o motivo do livro ter sido banido no Catar, pois o governo não deu qualquer explicação da decisão.
Rajakumar até se ofereceu para revisar as partes problemáticas do livro, mas não adiantou: ele continua banido no país.
7) The Cover-Up General
Em 2014, o escritor holandês Edwin Giltay publicou o livro The Cover-Up General, em que ele detalha sua experiência com uma tentativa do governo holandês em ocultar o massacre de Srebrenica, conflito em que pouco mais de 8 mil bósnios foram assassinados durante a Guerra da Bósnia.
Um ano depois do lançamento, um espião holandês afirmou que ele foi representado de forma falsa na obra. E pouco depois, o livro foi banido dentro da Holanda pela corte do país. No entanto, Giltay disse que não publicou nada falso e em 2016, conseguiu fazer com que o livro voltasse a ser publicado em terras holandesas.
6) O Código da Vinci
O Código da Vinci é um dos livros mais famosos da atualidade e já vendeu mais de 80 milhões de cópias. Mas apesar de sua popularidade, se tornou alvo de várias críticas de grupos religiosos. E no Líbano, a obra de Dan Brown foi banida do país cinco meses após seu lançamento.
O Código da Vinci envolve dois especialistas que tentam descobrir os segredos de um código antigo. No livro, uma história religiosa alternativa é apresentada para os leitores, em que Jesus Cristo se casou com Maria Madalena e os dois tiveram filhos.
O Centro de Informações Católicas do Líbano, responsável pelo banimento, disse que essa informação de que Jesus Cristo teve relações sexuais era um “insulto para o cristianismo.”
5) Operação Coração Negro
Operação Coração Negro está entre aqueles livros cheios de segredos que muitos tentam encontrar uma forma de manter em segredo. A obra foi escrita por Anthony Shaffer, um reserva do exército americano que liderou uma equipe de operações secretas no Afeganistão em 2003.
Shaffer até teve a autorização do exército americano para publicar o livro, desde que não revelasse informações confidenciais. Só que mesmo assim, várias agências de inteligência do governo americano tentaram interromper a publicação do livro. O Departamento de Defesa dos EUA chegou a gastar 47 mil dólares para destruir 9,5 mil cópias do título.
Mas não adiantou muita coisa. Operação Coração Negro foi publicado com muitas informações editadas, mas a versão original pode ser encontrada facilmente na internet.
4) The King Never Smiles
The King Never Smiles é uma biografia não autorizada do Rei Bhumidol Adulyadej da Tailândia, que faleceu em 2016 e era o monarca mais antigo do mundo. A obra foi escrito pelo autor e jornalista Paul M. Handley, que disse que Adulyadej preferiu manter a ordem ao invés de um regime democrático no país.
O livro seria publicado pela editora da Universidade de Yale, nos EUA, mas ela sofreu pressão do governo tailandês para que a obra não fosse publicada. E a ameaça foi tão séria que oficiais foram enviados até a universidade para conversar com os responsáveis.
Apesar disso, o livro foi publicado normalmente em 2006. Mas nem é preciso dizer que The King Never Smiles foi banido por completo da Tailândia.
3) Into The River
O autor Ted Dawe publicou, na Nova Zelândia, o livro Into The River, uma história de um menino Maori (indígenas nativos do país) que precisa deixar sua vida na zona rural para ir até a escola na cidade. O título descreve todas as suas experiências, o que inclui até mesmo uso de drogas e relações sexuais.
No entanto, um grupo conservador do país tentou impedir que o livro continuasse a venda no país. E o órgão que regula os livros e filmes da Nova Zelândia acabou impondo algumas restrições na obra, como a faixa etária recomendada para sua leitura.
Todas as restrições foram removidas em 2015.
2) Trilogia 50 Tons
Os livros da trilogia 50 Tons, da autora E.L. James, se tornaram um enorme sucesso, mas também um prato cheio de críticas e controvérsias.
Como nós sabemos, a trilogia aborda a relação de uma estudante universitária e com o rico CEO de uma empresa, que possui diversos fetiches sexuais. As obras possuem diversas cenas de sexo explícito, com direito a momentos de sadomasoquismo e dominação (também conhecido pela sigla BDSM), entre outros elementos desse tipo.
Os livros se tornaram alvo de crítica de grupos conservadores e até mesmo de praticantes do BDSM, que não concordaram com a forma que as publicações abordaram essa prática sexual.
Muitas livrarias americanas não quiseram manter os livros da trilogia em seu acervo, enquanto que muitos países, como a Malásia, proibiram a publicação dos títulos e a exibição dos filmes.
1) The Peaceful Pill Handbook
The Peaceful Pill Handbook não fala de política, sexo ou segredos governamentais, mas sim de suicídio. A obra de Philip Nitschke fala de uma pessoa que decidiu tirar a própria vida e pensou nas várias formas de fazer isso, como uma overdose de opioides, por exemplo.
Como você já deve imaginar, o livro causou muita polêmica. Em sua defesa Nitschke argumentou que o escreveu para ajudar pacientes em estado terminal e que as pessoas tem o direito de fazer o que quiser com suas vidas, incluindo a opção de cometer suicídio. A obra também mostra uma forma de administrar um medicamento para que alguém possa cometer uma eutanásia por conta própria.
O livro seria publicado na Austrália, mas o governo logo tomou medidas: acabou proibindo a venda e distribuição de The Peaceful Pill Handbook, o que chegou a se tornar um crime no país. Mas a obra acabou sendo comercializada normalmente em outros países.