Como seria se a venda de órgãos fosse legalizada e comum?

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Recentemente, a possibilidade da venda de órgãos legalizada se tornou assunto na web após um colunista defender a prática e gerar grande polêmica. Mas como seria se isso realmente existisse no Brasil?

Vale lembrar que o país possui o maior sistema de transplante de órgãos do mundo, todos eles doados, na maioria das vezes de pessoas falecidas. Se fosse criado um mercado de órgãos legalizado, muita coisa seria diferente.

Um mercado legal de venda de órgãos pode parecer absurdo no Brasil, mas é algo que existe em outros lugares do mundo.

O Irã, por exemplo, legalizou a venda em 1997 e é até hoje o único país a permitir a venda de órgãos. Dois anos após a legalização, a fila de transplante tinha praticamente desaparecido. Segundo o órgão responsável, no Irã, acontecem 11 transplantes de rim para cada 1 milhão de habitantes. Esse número no Brasil é de 5,5.

A grande questão de uma possível legalização da prática é a desigualdade social. Transplantes são caros e há ainda questões logísticas, envolvendo transportes e tempo de durabilidade do órgão fora do corpo.

Isso acabaria beneficiando aqueles que podem pagar por tudo isso, fazendo com que os mais pobres acabassem se tornando muito mais “fornecedores” do que compradores.

Isso já acontece, de certa forma, no mercado negro. Um rim, por exemplo, custa 200 mil reais ilegalmente. No Irã, com o governo regulando os preços, o mesmo rim sairia por 19 mil reais. Consideravelmente mais baixo, mas ainda fora da realidade da maioria dos brasileiros.

Os olhos da cara

A venda de órgãos legalizada no Brasil certamente diminuiria filas de transplante, como aconteceu no Irã, mas por outro lado, prejudicaria imensamente o sistema de transplantes que funciona pelo SUS, de forma gratuita, sendo o maior do mundo nessa área.

No Brasil, grande maioria dos transplantes vem de pessoas falecidas. Só esse segmento garantiu quase 9 mil transplantes em 2018, com um índice de 57% das famílias autorizando a doação de órgãos de seus parentes falecidos.

Se a venda de órgãos fosse oficializada, o número de famílias dispostas a doar órgãos cairia drasticamente, já que haveria todo um mercado interessado a pagar por isso.



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