Minas Gerais não é o único estado brasileiro sem um litoral, mas certamente é o que mais sofre “bullying” por isso. Mas nem sempre foi assim. É isso mesmo que você leu!!!
Houve uma época, há cerca de 1 bilhão de anos, onde o estado foi banhado por águas marinhas, onde cresciam verdadeiros “tapetes” de musgo formado por bactérias e outros microrganismos. As testemunhas disso? Os estromatólitos.
Encontrados em várias partes do mundo, inclusive em Minas Gerais, estromatólitos são pequenas rochas em forma de morro que tiveram uma origem biológica, antes de serem simples pedras.
Estamos falando dos primórdios da vida na Terra, então é preciso entender que os organismos multicelulares ainda eram raros e estavam começando a se formar, apenas.
Vestígios desses estromatólitos, que se desenvolviam, essencialmente, em áreas marítimas, foram encontrados no município mineiro de Coromandel, por pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Com cerca de 1 bilhão de anos de idade, esses estromatólitos são testemunhas de uma época em que a região onde hoje está Minas Gerais tinha mar.
Na época, toda a superfície da Terra tinha um aspecto bem diferente do mapa mundi que a maioria de nós tem esboçado na mente.
Nem mesmo os continentes como os conhecemos existiam e as condições climáticas eram completamente diferentes e provavelmente inabitáveis para seres humanos, que só surgiriam milhões de anos depois disso.
Descobrindo as praias de Minas Gerais
A pesquisadora Fernanda Quaglio, vice-coordenadora do projeto que realizou a descoberta, traça já as próximas perguntas que devem ser feitas para que o cenário seja melhor compreendido.
Com os vestígios de bactérias e estromatólitos é possível estimar como eram as condições desse mar em Minas Gerais, algo impensável para os dias atuais.
“Os estromatólitos indicam água rasa, porque o tapete microbiano precisa ter proximidade com a luz para poder fazer fotossíntese. Mas como era essa água? Havia ondas? Ocorreram ciclos climáticos importantes, por exemplo, com uma queda brusca ou subida do nível do mar?”, questiona ela.