Pela primeira vez, os cientistas calcularam uma estimativa da massa combinada da “tecnosfera” terrestre – um conceito que define todas as coisas feitas pelo homem no planeta. Basicamente, tudo que o homem construiu na terra.
Na tecnosfera estão incluídas todas as estruturas humanas, como edifícios, estradas, pontes e também itens menores, como tecnologia, roupas, livros e etc…
Fora os aterros sanitários – todo o nosso lixo e detritos também fazem parte disso, assim como as coisas no ambiente natural que mudamos para nos mantermos vivos, como fazendas de alimentos ou minas de energia e coisas do tipo.
Mas então, qual é a massa combinada disso tudo?
De acordo com uma equipe composta por mais de 20 cientistas lideradas pela Universidade de Leicester no Reino Unido, estamos falando em algo na casa dos 30 trilhões de toneladas.
Sim, isso é um número extremante alto, obviamente, mas ninguém nunca pensou que a produção material somada da iniciativa humana contemporânea seria algo pequeno, não é mesmo?
Os pesquisadores basearam suas estimativas em números de vários estudos que analisaram o ambiente físico, incluindo dados topológicos, subterrâneos e marinhos.
Embora eles reconheçam que essa estimativa de 30 trilhões de toneladas seja uma aproximação altamente preliminar, as ramificações de uma tecnosfera tão penetrante como a nossa, podem significar algo curioso sobre o planeta.
O caso é que se 30 trilhões de toneladas são precisas, isso significa que a massa dividida da tecnosfera na superfície da Terra equivale a mais de 50 quilos por metro quadrado – outra aproximação, mas que nos ajuda a imaginar quão enorme esse fenômeno geral poderia ser.
Segundo Colin Waters, um dos pesquisadores, a tecnosfera nos diz mais do que apenas sua massa, pois ela permitiu a produção de uma enorme variedade de objetos materiais, desde simples coisas como ferramentas, moedas, canetas esferográficas, livros, CDs, até produtos tecnológicos mais sofisticados, como computadores e smartphones.
Muitos destas coisas, se enterradas em camadas, poderiam permanecer preservadas como “technofosseis”, e por tabela, e em um futuro geológico distante, ajudarem a caracterizar e a datar o Antropoceno (período mais recente na história do Planeta Terra). Nesse sentido, a tecnosfera além de estar relacionada ao Antropoceno, ela também está separada dele.
Como alguns pesquisadores apontam, o Antropoceno – assim como o Holoceno antes dele – descreve uma época no tempo determinada pela evidência geológica.
Em contraste, a tecnosfera é um novo tipo de sistema hipotético, introduzido pela primeira vez em um artigo publicado em 2014 pelo geólogo e engenheiro ambiental Peter Haff da Universidade Duke na Carolina do Norte – que também trabalhou neste novo estudo.
Segundo os pesquisadores, essa esfera maciça de influência humana só foi possível graças às nossas sofisticadas habilidades sociais e ao uso avançado de ferramentas. Não que isso seja, necessariamente, uma coisa boa para o planeta.
No entanto, se compararmos a tecnosfera (tudo aquilo que foi feito e descartado pelo homem) com a biosfera (conjunto de todos os ecossistemas da Terra), ela é, notavelmente, pobre em se tratando da reciclagem de seus próprios materiais, conforme mostram os nossos aterros sanitários. O que pode ser uma barreira para seu maior sucesso ou uma interrupção completa dele.
Embora, todo o conceito da tecnosfera seja um tema constantemente debatido entre os cientistas, o que não é novidade, é que os seres humanos estão tendo um enorme impacto sobre o meio ambiente.
E se a hipótese da tecnosfera pode ajudar os pesquisadores a explorar e a explicar as conseqüências desse processo, ela é uma parte extremamente válida na discussão científica.
