Como nossos cérebros aprendem a reconhecer rostos?

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Durante muito tempo, a ciência acreditou que habilidade em reconhecer rostos era inata aos seres humanos e outros primatas. Ou seja, acreditava-se que era algo que nosso cérebro simplesmente sabia como fazer desde nosso nascimento.

Entretanto, os resultados de uma recente pesquisa da Harvard Medical School coloca dúvidas nessa ideia difundida a tanto tempo.

Trabalhando com macacos temporariamente privados de ver rostos enquanto cresciam, um grupo de neurobiólogos descobriu que existem regiões do cérebro que são a chave para o reconhecimento facial através da experiência. Os primatas que nunca viram rostos enquanto cresciam não desenvolvem essa habilidade.

Margaret Livingstone, líder do estudo, explica que os macacos – parentes próximos dos humanos – formam grupos de neurônios responsáveis pelo reconhecimento facial numa área do cérebro chamada Sulco Temporal Superior quando atingem uma idade de aproximadamente 200 dias. A localização dessas regiões cerebrais são similares entre espécies de primatas.

As observações do estudo colocam em xeque a teoria de que o reconhecimento facial seja congênito.

A PESQUISA

Para melhor compreender as bases do reconhecimento facial, os pesquisadores criaram dois grupos de macacos. O primeiro, um grupo de controle, recebeu uma educação típica: passando tempo da infância com suas mães e também com outros macacos jovens, assim como com os cuidadores humanos.

O segundo grupo cresceu criado por humanos que os alimentavam com mamadeiras, brincavam e faziam carinho – tudo isso utilizando máscaras. No primeiro ano de suas vidas, os macacos deste grupo nunca viram um rosto, nem humano nem de outros primatas.

Ao final do processo, todos os macacos do estudo foram colocados em grupos sociais e ganharam permissão para ver rostos.

Quando os macacos de ambos os grupos atingiram 200 dias de idade, os pesquisadores utilizaram a Ressonância Magnética Funcional para obter imagens de seus cérebros, procurando pela presença de padrões de reconhecimento facial.

Os macacos do grupo 1 apresentaram áreas de “reconhecimento” consistentes em seus cérebros, enquanto os do grupo 2 não desenvolveram essas regiões.

Os resultados do estudo sugerem que a privação sensorial tem um efeito seletivo na forma com que o cérebro se desenvolve. O cérebro aparenta ser muito bom em reconhecer coisas que um indivíduo vê com frequência e peca ao tentar reconhecer coisas que nunca viu.

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