Existe uma anomalia no campo magnético da Terra que pode provocar muitos problemas, embora ninguém pareça se importar muito. Ela pode, por exemplo, prejudicar a transmissão da Copa do Mundo, entre outras coisas ainda mais graves. E ela fica aqui, na América do Sul.
Conhecida como Anomalia Magnética da América do Sul (AMAS), essa é a parte do planeta onde o campo magnético é mais fraco, o que ocasionalmente causa dores de cabeça nos satélites e sistemas de comunicação. Até a Estação Espacial Internacional (ISS) já tomou um susto por causa dela.
O que acontece é que essa anomalia do campo magnético afeta principalmente objetos que circulam na chamada ionosfera, a uma altitude acima de 100 quilômetros. Como o campo magnético é mais fraco nessa região, as partículas radioativas emitidas pelas chamadas tempestades solares, carregadas com prótons e elétrons, têm mais facilidade de atravessar para as camadas mais baixas e podem comprometer o funcionamento de uma série de equipamentos.
Sistemas de meteorologia, defesa, pesquisa espacial e principalmente comunicação costumam sofrer bastante quando seus satélites passam pela AMAS. Alguns são até mesmo programados para serem desligados quando entram na região. Comunicações civis e militares podem sofrer consequências terríveis se não houver blindagem nos satélites ou uma forma de lidar com a anomalia.
E a Copa do Mundo?
A transmissão da Copa do Mundo de Futebol depende de uma grande cadeia de satélites que está em órbita nesse exato momento e é responsável por repassar o sinal enviado da Rússia. Caso um desses satélites entre na AMAS durante uma tempestade solar particularmente poderosa, o sinal poderia ser perdido, gerando até mesmo um prejuízo econômico enorme.
Foi o caso do satélite japonês Hitomi, que se perdeu em 2016 quando passou pela anomalia, devido a uma falha de previsão da agência espacial japonesa. Ele era um satélite de exploração espacial equipado com raios-X e sua perda gerou prejuízos grandes para a comunidade científica.