Louise Brown é uma mulher casada, com dois filhos, que trabalha e vive em Bristol, na Inglaterra, e que comemora no próximo dia 25 de julho seus 42 anos de idade. Tudo muito normal se não fosse o fato de que seu nascimento, em 25 de julho de 1978, escancarou a maior revolução científica na história da reprodução assistida: ela foi a primeira bebê de proveta da história, nascida graças à técnica de fertilização in vitro.
“Acredito que não importa como tenha nascido, sua vida é igual mesmo que tenha nascido por outros métodos”, declarou Louise em uma entrevista à agência EFE.
Ter sido a primeira bebê de proveta da história não condicionou nem mudou a vida de Louise. Ela sempre falou com muita naturalidade sobre o assunto com seus pais, John e Lesley Brown, mortos em 2006 e 2012, respectivamente. “Meus pais me ensinavam o que dizia a imprensa”, disse ela, que garante que o interesse midiático que provoca não influenciou em sua personalidade. “Acredito que seria a mesma pessoa.”
O nascimento de Louise Brown, conhecida como a ‘bebê de proveta’, tomou as capas dos jornais de todo o mundo e deu a um dos cientistas envolvidos na façanha, o britânico Robert Edwards, o Prêmio Nobel de Medicina em 2010.
Mas, não foram poucos os que questionaram a ética do procedimento, no qual o óvulo da mulher é fecundado pelo espermatozoide fora do corpo da mãe. Para Louise, “todo o mundo tem direito a ter suas próprias opiniões”, mas, segundo ela, a única diferença de seu nascimento foi “que o esperma e o óvulo se juntaram fora”. “Os nove meses de gravidez foram como quaisquer outros”, disse.
Louise teve seu primeiro filho em 20 de dezembro de 2006, concebido de forma natural, e o segundo há quatro anos. Ela disse que já contou ao mais velho que “a avó precisou de ajuda dos médicos” para que ela nascesse, mas disse que ainda “não entrou em detalhes técnicos”.Ela acredita que o filho vai entender o que é a fertilização in vitro antes dela porque, em sua época, “não havia educação sexual no colégio tão cedo.”
Mudanças na técnica
Desde o nascimento de Louise, o Comitê Internacional de Monitoramento de Reprodução Assistida calcula que mais de 8 milhões de crianças vieram ao mundo pela mesma técnica. Desde então, as técnicas avançaram consideravelmente, com o congelamento de gametas e a seleção de embriões.
Como o Estado mostrou neste mês, a meta da fertilização in vitro na Europa, nos Estados e também no Brasil é reduzir o número de nascimentos de gêmeos, com a transferência de um único embrião ao útero. Essa mudança de protocolo é possível graças a técnicas mais avançadas de seleção de embriões, com testes genéticos e monitoramento por câmeras, por exemplo.
Os últimos dados da Rede Latinoamericana de Reprodução Assistida (Redlara) mostram elevação das transferências de um só embrião no País, principalmente em mulheres mais jovens. Em 2011, a proporção era de 13,9% do total; em 2014, de 17,5%.