Mulheres que vivem juntas sincronizam a menstruação?

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É mais do que comum que pessoas que dividem o mesmo teto partilhem as mais diversas tarefas de casa, como cozinhar, limpar, lavar e passar roupas, entre outras coisas. Mas no caso das mulheres, existe uma história que após certo tempo de convívio, é possível sincronizar até mesmo a menstruação. Seria isso coincidência ou verdade?

A teoria mais aceita para o fato é que existe uma troca de feromônios (substância responsável pela comunicação química entre animais) entre mulheres quando elas estão muito próximas, o que faz com que menstruem ao mesmo tempo.

Emma, uma ex-estudante universitária, é uma das defensoras da ideia. Ela garante que quando morou com outras cinco colegas, em pouco tempo todas começaram a menstruar ao mesmo tempo. A mudança de humor das moradoras era tão nítida que o único homem da casa percebia facilmente. “Eu definitivamente acredito. Seria muita coincidência se não fosse verdade”, disse.

Cooperação mútua

Entretanto, existem pessoas mais céticas com relação a esta teoria da troca de feromônios entre as mulheres. Uma delas é Alexandra Alvergne, professora-adjunta de Antropologia Biocultural na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Ela acredita se tratar apenas de uma crença popular.

Para tentar entender o fenômeno, Alvergne pesquisou um estudo de 1971, realizado pela pesquisadora Martha McClintock, que analisou o ciclo menstrual de 135 mulheres em uma universidade dos Estados Unidos.

O estudo de McClintock mostrou que mulheres que eram colegas de quarto ou de casa eram sim, mais propensas a compartilhar o mesmo ciclo menstrual. A teoria mais defendida pela pesquisadora é que se tratava de uma estratégia feminina de cooperação mútua: uma tentativa de colocar fim a um hárem. Com a menstruação sincronizada, o período fértil também se coincide, o que faria com que um único homem não conseguisse procriar com todas ao mesmo tempo.

Acontece que outras pesquisas feitas com humanos e também com primatas tiveram resultados até semelhantes, mas não mostraram qualquer evidência de sincronia nos ciclos. A própria Martha McClintock não conseguiu explicar o porquê da sincronização, o que fez Alexandra Alvergne não acreditar tanto nesta teoria.

A resposta para a pergunta é…

Esta ideia não passaria apenas de uma sensação ou acaso.

Essa teoria se popularizou principalmente na década de 1970, com o fortalecimento do movimento feminista. Segundo Alvergne, isso fez com que a ideia se popularizasse rapidamente entre as mulheres.

Um outro estudo, desta vez feito apenas com babuínos, utilizou dois cenários: a primeira é que a sincronização da menstruação era compartilhada como um mecanismo de defesa contra machos dominantes, enquanto que a segunda seriam padrões atribuídos ao acaso. Ao comparar os dados analisados, os pesquisadores puderam concluir que a segunda hipótese era a mais provável.

“Talvez, o que nós observamos atualmente nada mais seja do que o acaso”, disse Alvergne.



Texto por Augusto Ikeda, edição por Igor Miranda.
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