A incrível história do brasileiro que fez dois transplantes de coração

0

Dos mais de mil transplantes de coração realizados pelo Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP), em São Paulo, em 40 anos de história, poucos são os casos de pacientes que aparecem na lista duas vezes. O estudante de Direito Matheus de Melo Magalhães, hoje com 24 anos, é o protagonista de uma dessas histórias raras. Em ocasiões distintas, ele recebeu dois novos corações, ambos implantados no instituto paulista.

Vítima de uma bronquiolite ainda bebê, ele foi transferido na ocasião de Pouso Alegre, em Minas, para São Paulo. Desenvolveu um quadro de miocardiopatia dilatada e teve um marca-passo implantado por oito meses.

O dispositivo, no entanto, não resolveu seu problema e ele foi inserido na fila de transplantes, onde ficou por 30 dias, até receber um novo coração, quando tinha apenas 1 ano e 8 meses de idade.

Como transplantes pediátricos eram relativamente recentes na história da Medicina na época, os médicos não souberam precisar qual seria o “prazo de validade” do órgão transplantado em Magalhães. “Fizeram uma estimativa de que o coração duraria 12 anos, mas era uma grande dúvida de todos. No final, acabei ficando com ele por 19 anos”, conta o jovem.

Em 2012, o corpo de Magalhães começou a dar sinais de que a potência do órgão transplantado caía drasticamente. “Sentia muito cansaço e fadiga. Tarefas simples do dia a dia, como amarrar o cadarço ou tomar um banho, eram um sacrifício para mim”, conta.

Durante os dois anos seguintes, o jovem passou por várias internações e foi colocado novamente na fila de transplante. “Em 2014, eu fiquei muito mal e fui para uma posição de prioridade. Foi quando consegui outro órgão”, relata.

O estudante precisou ficar seis meses internado entre o período que aguardava o transplante e a recuperação da cirurgia. “O impressionante é que você nota a diferença já quando acorda da anestesia. Eu parecia uma nova pessoa. É uma sensação de alívio”, conta ele, que destaca o apoio de toda a equipe do Incor em sua recuperação. “Mais do que o tratamento, é bom saber que eu tinha pessoas para me apoiar nos momentos que dava mais desespero”, diz.

As idas e vindas ao hospital não atrapalharam o sonho de Magalhães. O homem que já recebeu dois corações se prepara para testar o órgão nos próximos dias, quando receberá, em sua cerimônia de formatura, o diploma de bacharel em Direito.



DEIXE UM COMENTÁRIO
WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com