São Paulo é a maior cidade do Brasil. Não só isso: é o município mais populoso do continente americano, de todo o hemisfério sul e entre todos os países lusófonos. Em termos de concentração humana, é a sétima maior do mundo.
Considerada uma das cidades mais globalizadas de todo o mundo, São Paulo tem influência nacional no que diz respeito à economia, política e cultura. Trata-se do município com o 10° PIB (Produto Interno Bruto) de todo o mundo e representa, sozinho, mais de 10% de todo o PIB nacional.
Apesar de ser uma cidade gigantesca, é difícil imaginar qualquer tipo de atentado internacional em São Paulo, visto que o Brasil é um país muito diplomático e com boas relações por todo o mundo, além de não ser uma referência bélica e não representar perigo a nenhuma região do planeta. Ainda assim, nada é impossível: o maior município brasileiro pode ser, algum dia e por algum motivo, atacado por estrangeiros.
A equipe do Acredite Ou Não tentou fazer uma previsão do que aconteceria se explodisse uma bomba nuclear em São Paulo. É algo muito improvável, mas vale destacar que, juntos, nove países do mundo concentram mais de 15 mil armas nucleares. Os Estados Unidos e a Rússia, inclusive, mantêm cerca de 1,8 mil itens de seu potencial bélico nuclear em estado de alerta elevado – ou seja, prontos para o ataque em poucos minutos.
Efeitos de uma bomba nuclear
Ataques atômicos podem ter um potencial incrivelmente devastador. A bomba Little Boy, que atingiu a cidade japonesa de Hiroshima ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, carregava cerca de 15 quilotons (equivalente a 15 mil toneladas de dinamite).
Hoje, o impacto desses artefatos poderia ser muito maior. De acordo com o físico Roberto Vicente, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares da Universidade de São Paulo (Ipen/USP), “as bombas lançadas em Hiroshima e Nagasaki são estalinhos se comparadas às que existem hoje”.
Com o surgimento das bombas de hidrogênio, a potência dos artefatos foi multiplicada muitas vezes, chegando próximo dos 50 megatons (50 milhões de toneladas de dinamite). De quilo para mega – assim como arquivos de computador, de kilobytes para megabytes, mil vezes mais pesados.
Bomba nuclear em São Paulo
Para simular este ataque, será considerada a potência da maioria das ogivas que integram o arsenal americano, que é de 1 megaton de capacidade (um milhão de toneladas de dinamite). Apesar de 70 vezes mais poderoso, um desses artefatos é, curiosamente, bem menor que a Little Boy, pois pesa 45 quilos e pode estar acoplada a um míssil balístico, atirado de uma base a centenas de quilômetros do alvo.
Apenas a título de simulação, o epicentro da explosão será a praça da Sé, no centro da cidade de São Paulo.
Na cidade de Hiroshima, 89% das pessoas que estavam no local da explosão morreram instantaneamente. O estouro aconteceu a 580 metros de altura e não formou cratera no solo. Já em São Paulo, caso o artefato chegasse ao chão, o impacto geraria um buraco de 300 metros de diâmetro e 61 metros de profundidade.
Entenda, por distância, o que aconteceria se explodisse uma bomba nuclear em São Paulo:
Em um raio de 960 metros: com uma bomba nuclear em São Paulo, quase nada ficaria de pé – construções históricas como o Teatro Municipal e o Pátio do Colégio seriam destruídas, assim como a atual sede da prefeitura. A bola de fogo, com temperatura semelhante à do Sol, faria com que pessoas e objetos próximos a ela se desmaterializassem – ou seja, simplesmente evaporariam ou se desintegrariam.
Em um raio de 3,3 km: a onda de pressão derrubaria a maioria dos prédios desta área. A avenida Paulista, onde estão instalados edifícios de hospitais e grandes empresas, viraria um amontoado de destroços. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 414,3 mil pessoas vivem nesta região. A radiação, somada à temperatura altíssima e aos fortes ventos carregados de destroços, mataria cerca de 98% destas pessoas. A bomba nuclear em São Paulo causaria estragos irreparáveis.
Em um raio de 6,9 km: os ventos ainda teriam velocidade semelhante à do furacão Katrina (cerca de 250 km/h), que varreu o sul dos Estados Unidos em agosto de 2005. Casas desabariam e os prédios que ficassem em pé certamente sofreriam danos e estariam comprometidos. Este círculo demarca a chamada área letal, dentro da qual o número de sobreviventes é semelhante ao de mortos.
Em um raio de 15 km: os ventos de cerca de 65 km/h seriam incapazes de danificar prédios maiores, mas destruiriam telhados, cercas e vidraças de residências convencionais. Cerca de um terço das pessoas nesta região poderiam ficar feridas.
Consequências posteriores
Provavelmente, São Paulo sofreria mais do que cidades acostumadas a serem atingidas por terremotos e furacões. A própria Hiroshima, hoje em dia, tem prédios com estruturas mais robustas do que antes.
Como aconteceu com o acidente nuclear em Chernobyl, na Ucrânia, a radiação lançada pela bomba nuclear causaria morte celular e mutações genéticas. O alcance iria variar de acordo com a direção e a velocidade do vento, além do local da explosão (no chão ou no ar).
Uma simulação realizada pela Federação dos Cientistas Americanos com a mesma bomba nuclear, com ventos de 24 km/h, indicou que 50% das pessoas localizadas a até cerca de 16 quilômetros morreriam em 96 horas. O percentual de mortes por radiação aumentaria conforme a distância do epicentro fosse encurtada.
Pessoas que resistissem aos primeiros meses após a exposição poderiam morrer de câncer resultante da mutação após algumas dezenas de anos. Algo muito semelhante aconteceria com São Paulo.
Seriam necessárias algumas décadas para que São Paulo se reestruturasse, já que teria que contar com apoio do governo brasileiro e da ajuda dos demais estados. Em função de sua importância econômica, a explosão de uma bomba nuclear em São Paulo causaria um prejuízo nacional e marcaria uma nova fase de trevas econômicas para todo o país.
Todos os estados brasileiros sofreriam com sanções econômicas. Investidores internacionais iriam retirar seu dinheiro do país e causariam um caos na desvalorização da nossa moeda.
As previsões acima são apenas algumas das possibilidades. O caos pode ser muito maior caso explodisse uma bomba nuclear em São Paulo.
* Este texto foi produzido originalmente para o canal Acredite Ou Não no YouTube. O roteiro original é de Peter Jordan. O texto foi adaptado, editado e revisado por Igor Miranda para o site Acredite Ou Não