O desenvolvimento tecnológico é o grande responsável pela maior parte das conquistas da humanidade dos últimos séculos, seja na oferta de produtos e serviços, como descobertas a respeito do universo, avanços na medicina ou até mesmo na criação de empregos. Mas parece que falando desse último quesito, o futuro pode trazer problemas complicados.
Os enormes benefícios da automatização no ambiente de trabalho já apareceram há décadas, com braços robôs trabalhando na montagem de produtos como carros, com uma precisão muito maior do que o trabalho realizado pelos seres humanos. Esse processo consegue ao mesmo tempo trazer um serviço com maior qualidade e segurança, além de aumentar a oferta de produtos para o consumidor final.
Apesar da perda de empregos no trabalho manual, a automatização é também responsável pelo surgimento de empregos em áreas relacionadas, como ciência, tecnologia, engenharia e matemática- grupo conhecido pela abreviatura Stem (em inglês). As maiores empresas da área acreditam que o avanço tecnológico pode criar até meio milhão de empregos nos próximos dez anos.
Porém, muitos estudiosos acreditam que o desenvolvimento da inteligência artificial pode ter um efeito devastador na economia a longo prazo. Uma série de estudos têm alertado que existe um grande risco de que um “apocalipse do emprego” possa acontecer em breve.
No artigo “O Futuro do Emprego: Quão Suscetíveis à Automação Estão os Empregos”, realizado pela Universidade de Oxford, os pesquisadores Carl Benedikt Frey e Michael A. Osborne afirmam que 47 por cento dos postos de trabalho dos EUA podem desaparecer por causa da automatização nos próximos anos. Estudos realizados pela União Européia e por outros países também apresentaram resultados semelhantes.
A situação é tão grave que algumas propostas ousadas foram feitas nos últimos anos. Bill Gates recentemente defendeu a ideia de que robôs também deveriam pagar impostos, de forma que o valor arrecadado pudesse ser aplicado em setores nos quais eles não pudessem substituir os humanos. Alguns países do mundo também tem discutido a ideia de implementar alguma variação da chamada Renda Básica Universal (RBU).
Seja como for, a questão é que existe um problema sério e o emprego de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo está em jogo. Mas outra questão que também precisa ser discutida é como as mudanças sociais devido a automatização poderiam afetar de forma diferenciada os dois gêneros.
Desigualdade nos empregos
De acordo com um estudo realizado pelo Fórum Econômico Mundial, para cada 20 empregos perdidos para a automatização, surgirão seis novas vagas. Essa informação já é muito preocupante, mas existe outro ponto ainda pior: dessas vagas, cinco delas devem ser ocupadas por homens e apenas uma pelas mulheres, de acordo com as taxas atuais de participação dos gêneros no setor.
Isso significa que a crise que está por vir poderia afetar as mulheres de forma mais intensa. Porém, antes de imaginar o pior dos casos, vale lembrar que nem todos os estudos são unânimes a respeito do resultado desse processo. Outro relatório do mesmo Fórum, realizado em 2016, afirmou que ambos os gêneros seriam afetados da mesma maneira pelo processo de automatização.
Além disso, existem estudos como o da consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) que indica que em certos países, como a Alemanha, EUA e Japão, os homens seriam afetados em uma maior porcentagem pelas mudanças na disponibilidade de emprego no futuro. É difícil apresentar uma visão global a respeito do processo já que cada economia possui uma distribuição única quando falamos da presença dos gêneros em diferentes vagas.
Mas se existe um consenso, é o de que a importância do campo Stem não deve ser subestimada. Sem dúvida, ele será o responsável pelo maior surgimento de vagas nas próximas décadas e por isso mesmo é fundamental incentivar a participação feminina nas profissões que estão moldando as novas tecnologias que podem definir não só o futuro dos empregos, mas do mundo inteiro.
Com informações da BBC.