Pode parecer uma dúvida inocente, mas não é. Se um país como o Brasil tem tantas dívidas internas e externas, por que não imprimir mais dinheiro? A solução parece simples e bastante óbvia, já que o governo tem controle sobre a casa da moeda, onde as cédulas monetárias são impressas e as moedas são cunhadas. Mas infelizmente, as coisas são bem mais complicadas do que isso.
O grande problema dessa solução mirabolante, é que imprimir mais dinheiro e colocar essas notas em circulação tem consequências e nenhuma delas é boa. A principal é o aumento da inflação, que traz consigo juros mais altos, desvalorização da moeda, fuga dos dólares, desemprego e recessão econômica, tudo isso como um efeito dominó, com cada um dos efeitos se tornando a causa de outro.
Os especialistas explicam que a quantidade de dinheiro circulando deve ser equivalente à riqueza real disponível. Ao imprimir mais dinheiro, as pessoas teriam mais notas, mas a quantidade de bens disponíveis para se comprar com esse dinheiro continua a mesma e é isso que gera a desestabilização da economia.
Para o economista Josué Pellegrini, um dos analistas de contas do Senado Federal, a prática, que ele define não como opção, mas como total falta de opções, pode ser considerada também um “calote” por parte do governo que adota essa medida.
Alguém já fez isso antes?
Sim, e muito. Um exemplo clássico de um país que optou por imprimir mais dinheiro para tentar solucionar problemas econômicos foi a Alemanha depois da Primeira Guerra Mundial, de onde saiu derrotada tanto no campo de batalha, como na política e na economia. As consequências foram no mínimo catastróficas: inflação de 29500% ao mês e desvalorização brutal da moeda.
O Brasil já apelou para essa medida extrema e ineficaz em mais de uma oportunidade. Segundo Julio Cesar Zorzenon, professor de história econômica da Unifesp, os governos de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek ordenaram a impressão de mais notas, o que também ocorreu mais de uma vez durante a Ditadura Militar. José Sarney, primeiro presidente pós-ditadura, foi o último a dar esse “calote”.