Se você por acaso já sonhou que estava voando, nadando ou realizando feitos extraordinários, saiba que uma pesquisa recente afirma que nosso corpo dos sonhos pode ser uma versão minimalista, mas melhorada de nosso corpo verdadeiro. Ela foi publicada no jornal Consciouness and Cognition.
A pesquisa mostra que a versão em sonho de uma pessoa seria uma versão reduzida da real, e que não costuma ser baseada no que acontece no seu corpo verdadeiro. Isso explica porquê pessoas nascidas surdas ou com paralisia costumam sonhar com um corpo sem tais condições, enquanto que outras realizam feitos extraordinários, como voar ou respirar debaixo d’água.
Pesquisa e resultado
Para realizar a pesquisa, os cientistas tentaram influenciar os sonhos dos participantes. Para isso, colocaram um pequeno ponto vermelho em seus braços e pediram para que os voluntários focassem nele antes de cair no sono. Os pesquisadores acreditavam que as pessoas com o ponto em seus braços sonhariam mais com o membro ou com ele colorido na cor vermelha.
Mas o resultado foi o oposto: quem dormiu sem o ponto colorido no braço esteve mais propenso a sonhar com o membro do que aqueles que o pintaram.
“Apesar de sabermos que nós que corremos e nadamos em nossos sonhos, e que de alguma forma nós temos o corpo de nossos sonhos, nós raramente sentimos e vemos este corpo”, disse Judith Koppehele-Gossel, uma das autoras da pesquisa.
O corpo dos sonhos
Este estudo foi realizado com a ajuda de outro semelhante, feito anteriormente. Koppehele-Gossel e sua equipe pediram para que voluntários lessem histórias de sonhos de outras pessoas. O objetivo era descobrir quais dessas histórias envolviam pessoas nascidas com alguma paralisia ou deficiência. Mas os leitores não conseguiram identificar as diferenças.
A equipe pode, então, deduzir que pessoas nascidas com paralisia ou com deficiência auditiva ou afonia (mudos) “não sonharam menos com movimentos, sons e falas, e que também não sonharam mais com tais experiências”, em relação a indivíduos sem qualquer uma destas condições.
Uma outra pesquisa semelhante, que relacionava paralisia com sonhos, mostrou que o corpo geralmente está intacto e sem qualquer tipo de problema no mundo dos sonhos.
Concepção minimalista
Os resultados da pesquisa mostram que nossa versão em sonhos seria uma concepção minimalista de nós mesmos, um espécie de “mini-eu”, como explica Koppehele-Gossel. Essencialmente, quem sonha tem a ciência de ter um corpo, mas que é raro ele ter alguma relação com o nosso corpo real.
“Nosso corpo está limitado por um espécie de padrão que geralmente é empregado enquanto sonhamos , que é possivelmente o mesmo para pessoas com ou sem deficiências”, concluiu Koppehele-Gossel.