Transtornos mentais sempre foram estigmas sociais, um fato que só agrava tudo de negativo que envolve ser portador de um. Entretanto, após décadas de pesquisas, já é possível olhar o lado positivo e reconhecer algumas habilidades extras que certos transtornos oferecem. Como por exemplo…
Transtorno dissociativo de identidade pode neutralizar dor
Esqueça tudo o que você viu em filmes onde a pessoa com “dupla personalidade” cria um segundo caráter e faz tudo o que sempre sonhou, mas de forma engraçada e cheia de atitude – você nunca imaginou que Eu, eu mesmo e Irene poderia ser um filme ofensivo, né? O processo de dissociação tem muito mais a ver com evitar uma dor emocional, o que faz com que o cérebro de algumas pessoas entre num estado de autoenganação. Como é comum uma certa amnésia após a crise, o corpo pode simplesmente ignorar tudo o que aconteceu, incluindo dor – desde uma simples topada até um acidente quase fatal, como se não tivesse passado por nada. É como se o machucado tivesse literalmente acontecido com outra pessoa.
Transtorno obsessivo-compulsivo pode dar super memória
Um estudo do Journal of Psychiatric observou uma ligação entre pacientes com ansiedade através de uma tarefa de memorização de palavras. Os participantes receberam uma lista de 320 palavras, mais 140 palavras sem sentido. Das 280 palavras repetidas, ambos os grupos mostraram resultados positivos em memorização, mas o grupo com transtorno obsessivo-compulsivo – TOC – pôde recuperar todas as palavras mais rápido e com mais precisão. A “Acumulação de Memória” é um fenômeno comum em quem tem TOC, pois essas pessoas podem biologicamente prestar mais atenção em detalhes devido a um aumento na área do cérebro responsável pela memória.
Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade pode gerar criatividade genial
Uma pessoa com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade – TDAH – tem mais ideias antes do café da manhã do que as outras pessoas têm o dia inteiro graças a sua maior propensão em tomar riscos de acordo com um estudo da Dublin’s Trinity College. Muitas vezes erroneamente associados como pessoas que não conseguem prestar atenção em nada, os indivíduos com TDAH têm uma boa razão pra sua inquietação ou desatenção: seu cérebro tem tolerância zero pra coisas desinteressantes pra eles e trabalham incansavelmente ao focar em coisas interessantes, especialmente quando essas coisas envolvem riscos. Criatividade é, em essência, um risco. A mente criativa desafia a normalidade e crenças populares pra ver as coisas sob uma nova luz. Apesar de raramente tirar nota 10 em álgebra, é mais provável que a mente criativa do TDAH questione “por que temos que aprender isso?” O cérebro com TDAH procura encontrar soluções criativas pra respostas quando um cérebro típico apenas aceita que dois mais dois é quatro. A impulsividade do TDAH também ajuda a tomar decisões mais rápidas, o que pode significar menor análise de riscos, mas também um salto mais ligeiro pra fora do alcance de um caminhão. Quando a mente do TDAH está sonhando acordada, ela está realmente desenvolvendo novas adaptações criativas pra qualquer cenário ou talvez organizando o primeiro prelúdio de uma sinfonia ou esboçando um novo romance. Historicamente, os gênios criativos com diagnósticos formais de TDAH existem em todos os campos, desde o grunge rock à literatura romântica. O que Lorde Byron, Kurt Cobain, Justin Timberlake, Will Smith e Michael Phelps têm em comum? Você adivinhou: TDAH.
Transtorno bipolar pode gerar super resistência, maior empatia e olfato aguçado
De acordo com a pesquisa do Journal of Affective Disorders, pacientes bipolares possuem maior empatia, espiritualidade e resiliência. A empatia é algo que acontece no fundo do nosso cérebro, que nos permite sentir a dor dos outros. O efeito do “realismo depressivo” comum em pessoas bipolares realmente gera uma imagem muito mais realista do mundo ao nosso redor. Episódios bipolares podem realmente torná-los mais resistentes a longo prazo – algo ruim acontece, você tem um episódio, então se a coisa ruim acontece novamente, os bipolares serão mais resistentes. Como uma pessoa bipolar experimenta emoções elevadas, a percepção ao recordar tais experiências não é apenas no aumento da empatia ou memória, de acordo com outro estudo sobre pacientes bipolares: as mesmas áreas do cérebro associadas ao olfato mostram atividade aumentada. Um sintoma do transtorno bipolar é hipersensibilidade e pessoas hipersensíveis também relatam hipersensibilidade a cheiros. Assim, os pacientes bipolares podem recordar os cheiros que rodeiam experiências mais do que os não-bipolares, o que significa que certos cheiros podem desencadear memórias reais. Em vez de “oh, cheiro de pizza, eu gosto de pizza”, é “oh, cheiro de pizza, uma vez meu carro quebrou e eu comi pizza.”
Transtorno psicótico gera habilidades matemáticas
De acordo com uma pesquisa da Reykjavik University na Islândia, estudantes com melhores habilidades matemáticas costumam ter sintomas de psicose – ao ponto que os estudantes com melhores notas nas pesquisas acabaram hospitalizados por esquizofrenia. John Nash, um dos matemáticos mais populares do nosso tempo, sofria de esquizofrenia também. Nash, popularizado pelo filme Uma Mente Brilhante de 2001, afirmava que a maioria dos matemáticos lidava com alguma forma de “características maníacas, delírio e sintomas de esquizofrenia”. Os neurônios que disparam dentro dos cérebros dos esquizofrênicos alteram muito sua percepção visual, mas às vezes, eles podem distorcer a realidade de maneiras mais favoráveis em termos de dedução matemática.
Ansiedade pode gerar inteligência extrema
Um estudo realizado pelo SUNY Downstate Medical Center em Nova York ligou a ansiedade ao QI elevado. A mente ansiosa vagueia – há infinitos resultados paranoicos e infinitos possíveis futuros terríveis pra tarefas tão simples como acordar e sair da casa. É como um debate online sobre teorias da conspiração, exceto que você não pode evitá-lo e é obrigado a ouvir cada enredo asinino. Incrivelmente, esse tipo de pensamento tem uma maneira mágica de forçar seu cérebro a fazer novas conexões. Outro estudo revela que as pessoas socialmente ansiosas têm mais empatia do que outras, o que é indicativo de maior inteligência emocional e habilidades verbais. Este último é importante quando você está tentando expressar todos esses sentimentos ansiosos e medos e o cérebro ansioso tem que lembrar todos esses medos, levando a maior lembrança e habilidades de pensamento crítico. Então, más notícias: você está tendo um ataque de pânico. Mas uma boa notícia: é muito mais provável que você transmita o que está acontecendo e pode usar sua sobrecarga emocional pro bem.
Síndrome de Tourette pode gerar super precisão atlética
A Síndrome de Tourette é frequentemente deturpada em filmes e séries como um Cartman berrando obscenidades. Na mente da pessoa com Tourette, tudo é uma constante batalha cognitiva de impulsos e controle de ações indesejáveis. Isso dá a uma pessoa um passo extra na cognição onde ela está ativamente peneirando os impulsos bem-vindos e os indesejados, concentrando-se em cada pequeno impulso um bilhão de vezes mais do que os outros. Algumas pessoas com Tourette, como o goleiro Tim Howard, podem aproveitar esses impulsos de formas sobre-humanas. Não são apenas os jogadores de futebol com essa característica única, o jogador de basebol Jim Eisenreich sofre de Tourette e dirige sua própria fundação da pesquisa de Tourette. O jogador de basquete Chris Jackson também tem Tourette, que é muitas vezes visível quando ele está na quadra. No entanto, seus tics também são o que o mantém praticando até conseguir acertar dez lances livres em sequência. Anthony Ervin, da equipe de natação olímpica dos EUA, atribui sua precisão na piscina ao Tourette, afirmando que o faz nadar mais rápido que seus oponentes e ter reflexos mais ágeis.
Depressão gera criatividade
Ideias loucas podem indicar loucura real? De acordo com um estudo no Karolinska Institute, as pessoas que trabalham em campos criativos são dramaticamente mais propensos a ficar deprimidas. Basicamente, os escritores muitas vezes ficam isolados em seu quarto com apenas o caos de seu monólogo interno, portanto frequentemente lutam contra a depressão. Isso certamente não é um elogio à depressão, mas é importante reconhecer sua influência sobre os criativos. Vincent Van Gogh, por exemplo, estava deprimido o suficiente pra enviar seu ouvido pra uma ex-amante pelo correio – de verdade -, mas criativo o suficiente pra transformar todos os seus terríveis pensamentos em belas artes. Ou como a descrição do homem d’O Grito, uma das suas pinturas mais famosas: “O sol começou a se pôr – de repente o céu ficou vermelho de sangue. Fiquei lá tremendo de ansiedade – e senti um grito interminável passar pela natureza”. A mente depressiva tem a capacidade de não apenas interpretar um pôr-do-sol como uma visão aterrorizante, mas também ver um grito passando pela natureza e pode então transformar essa visão deprimente numa das pinturas mais reconhecíveis de todos os tempos. Van Gogh não era o único artista afligido com esta desordem. Charles Dickens, Ernest Hemingway, Virgínia Woolf, Tennessee Williams, Sylvia Plath e provavelmente todos os autores em seu currículo exigido na faculdade de Letras sofreram de depressão. Honestamente, sem depressão, a arte ainda existiria?
Autismo e savantismo
Quando você pensa em autismo, provavelmente pensa em Rain Man, o filme de 1998 estrelado por Tom Cruise e seu homólogo autista Dustin Hoffman – uma representação um tanto precisa, inclusive. 10% de pessoas autistas são classificadas como savants, o que significa ser absolutamente incrível em uma coisa particular, seja arte, música, matemática, ou memória que lhes permite lembrar cada artigo do Acredite ou Não, mas em contraste com tal habilidade excepcional, os savants apresentam baixo QI – geralmente entre 40 e 70 -, autismo, histórico de doença ou dano cerebral – como encefalite – ou algo do gênero. Na verdade, a proeza matemática do savant autístico domina esmagadoramente os campos científicos. De acordo com um estudo de 450 mil membros da Cambridge University, a maioria dos adultos no espectro autista trabalham com ciência, tecnologia, engenharia ou matemática – enquanto profissionais literários são muito mais propensos a experimentar depressão.
Fonte: http://www.grunge.com/35052/mental-illnesses-can-give-superhuman-brain-powers/