Por que o som da mastigação irrita algumas pessoas?

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O som de pessoas cantarolando, mastigando ou mesmo engolindo, pode deixar algumas pessoas irritadas, e agora os pesquisadores descobriram o “fio” neurológica responsável por esta estranha condição.

A misofonia, como é chamada, descreve as emoções irracionais que tem dentro de alguns de nós quando ouvimos certos ruídos repetitivos sendo produzidos por aqueles que nos rodeiam. As pessoas com esta condição tendem a ficar aborrecidas ou até mesmo irritadas com um simples som do teclar de um teclado, com um barulho de uma embalagem se salgadinho ou pequenos barulhos produzidos pelos lábios.

Embora, desde o ano 2000, ela é reconhecida como uma condição, ainda hoje as pesquisas sobre sua causa e sua prevalência são limitadas. Não há um critério oficial no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), e aqueles sofrem de misofonia, acham difícil que ela seja levada a sério.

Mas um recente estudo, publicado por um “Jornal de Psicologia Clínica” sugeri que a misofonia poderia afetar até 20% da população, enquanto outro estudo publicado pelo Jornal “Australasian Psychiatry” argumenta que ela está associada com o transtorno obsessivo compulsivo e ansiedade, e poderia ser potencialmente considerada como uma desordem em seu próprio mérito.

Agora, uma equipe liderada por pesquisadores da Universidade de Newcastle no Reino Unido, encontrou evidências de alterações no lóbulo frontal do cérebro que poderiam explicar a resposta emocional desencadeada por sons em pessoas com misofonia.

No teste, que contou com a presença de 20 voluntários que tem misofonia, os pesquisadores tocaram vários sons neutros, repetitivos e irritantes, desde o choro de um bebê à ruídos de respiração ou mastigação.

Depois disso, as respostas neurológicas e fisiológicas dos participantes foram comparadas com as de um outro grupo de 22 voluntários que não tem misofonia.

Nenhum grupo reagiu muito aos sons neutros ou irritantes. No entanto, quando foram tocados os sons “desencadeantes”, aqueles no grupo de teste com misofonia, tiveram sua frequência cardíaca, significativamente, aumentada e condutividade na pele.

Tomografias cerebrais também revelaram uma diferença significativa na neurologia destas pessoas. Naquelas com misofonia, os ruídos desencadeantes correlacionaram-se com um aumento de atividade em várias regiões do cérebro, incluindo o lobo frontal e o córtex insular anterior.

O córtex insular anterior fica situado no fundo do sulco lateral, no encéfalo, na dobra que separa o lobo frontal e o lobo parietal do lobo temporal do cérebro. Ele é responsável por um monte de tarefas de mediação, incluindo o gerenciamento da experiência emocional. Ele também desempenha um papel na integração de sinais do mundo exterior com informações internas do nosso corpo.

Embora, os sons desencadeantes também provocam uma reação no córtex insular anterior daqueles sem misosonia, o fato de não haver aumento significativo na atividade de áreas como o lobo frontal, indicam um maior nível de controle entre as duas partes do cérebro.

Pessoas com misofonia não só tem uma maior atividade no córtex insular anterior e no lobo frontal, mas também no córtex pré-frontal ventromedial, hipocampo e amígdala. Medidas tomadas da estrutura do córtex pré-frontal ventromedial, mostraramm que essas pessoas tem bainhas de mielina isolantes mais espessas, o que ajuda os nervos a transmitir mensagens.

Dito isso, o que as as evidências sugerem, é que os cérebros de pessoas com misofonia estão em uma constante luta para controlar a propagação de mensagens associadas com certos sons.

Enquanto a maioria de nós, sente apenas um pequeno incômodo provocado por estes sons, pessoas com misofonia transformam estes pequenos sons irritantes em uma experiência, relativamente, de fúria, pois eles se espalham através de diferentes partes do cérebro associadas a reação de “luta ou fuga”.



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