Maconha e sono: a erva realmente te ajuda a dormir?

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Muita gente afirma que, para resolver problemas de insônia, acabou recorrendo ao uso de maconha (ou de medicamentos canabinóides) e obteve resultados positivos.

Entretanto, uma psicóloga especializada em sono, Deirdre Conroy, professora da Universidade de Michigan, publicou um artigo recente que pode modificar esse imaginário coletivo.

Deirdre acredita que as relações entre a maconha e o sono são particulares a cada indivíduo, devendo-se levar em conta inúmeros fatores, incluindo diferenças individuais, concentrações da droga e frequência de uso.

Tendo tratado diversos pacientes com insônia, a professora se questiona: o que faz a cannabis ser eficiente para uns e não para outros?

De acordo com ela, centenas de estudos sobre os efeitos da maconha no sono foram realizados nos anos 1970 e seus resultados são inconsistentes. Pesquisadores que buscavam entender como a droga afeta o cérebro adormecido estudaram voluntários em laboratórios do sono e mensuraram estágios e continuidade de seus sonos. Alguns estudos apontaram que as habilidades dos usuários para dormir e continuarem dormindo se ampliaram.

Entretanto, assim que o uso noturno de cannabis parava, o sono piorava consideravelmente durante o período de abstinência.

Pesquisas mais recentes também comprovaram que, apesar de a maconha ser, inicialmente, benéfica para o sono, as melhorias vão diminuindo com o tempo de uso crônico.

Maconha: a frequência importa?

A pesquisa da professora estava interessada em descobrir como a qualidade do sono se diferenciava entre pessoas que usam maconha todos os dias, usuários ocasionais que fumaram pelo menos uma vez no último mês e pessoas que não fumam de forma alguma.

Ela pediu que voluntários – jovens do sexo masculino – respondessem a um questionário, mantivessem um diário do sono e usassem ‘acelerômetros’ por uma semana. Os ‘acelerômetros’ são equipamentos que medem padrões de atividades por um número estabelecido de dias. Durante o estudo, foi solicitado aos voluntários que mantivessem seu uso normal de maconha.

Os resultados mostraram que a frequência de uso parece ser um importante fator para se relacionar com os efeitos da droga no sono. 39% dos usuários diários reclamaram de significativa insônia clínica. Enquanto isso, apenas 10% dos usuários ocasionais tiveram insônia. Não houveram diferenças nas reclamações entre os não-usuários e os usuários ocasionais.

Interessantemente, quando os voluntários apresentavam ansiedade e/ou depressão, as diferenças desapareceram. Isso sugere que o efeito da cannabis no sono pode ser diferente dependendo se você tem depressão ou ansiedade. Em outras palavras, se você tem depressão, a maconha pode te ajudar a dormir – mas se você não tem, a droga pode te fazer mal!

A doutora finaliza o artigo lembrando que os estudos envolvendo a maconha e o sono ainda são muito escassos e que precisam se ampliar – enfrentando barreiras impostas pelos governos. Ela levanta uma importante questão: a comunidade médica deveria comunicar os resultados encontrados até agora aos seus pacientes que sofrem de insônia?

Pelo que se sabe até agora, os efeitos da cannabis no sono parecem ser muito variáveis, dependendo da pessoa, do tempo de uso, do tipo de droga e sua concentração, meio de ingestão e diversos outros fatores. “Talvez o futuro produza descobertas mais frutíferas”, afirma.

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