Na última quinta-feira (26), o filme Thor: Ragnarok estreou nos cinemas brasileiros e a recepção por parte do público e crítica especializada já é muito boa. Mas nesse caso, iremos falar de outro assunto: afinal de contas, o que é esse tal do Ragnarok, que está presente no título do longa?
Entenda mais a respeito do assunto abaixo:
Origem
Se você já quer uma resposta rápida e objetiva, o Ragnarok se trata do fim dos tempos na mitologia nórdica, que surgiu a partir da cultura religiosa dos povos escandinavos, que habitam a Noruega, Suécia e Dinamarca. O evento seria uma grande batalha que resultaria na morte de diversos deuses (como Odin, Thor e Loki), que seria seguida de diversas catástrofes naturais que marcariam o fim da humanidade.
O Ragnarok ganhou muita força após o período de cristianização dos povos nórdicos, e seus mitos e crenças também se popularizaram no norte da Alemanha e a Islândia, devido a um intercâmbio cultural e religioso.
A primeira menção a respeito do Ragnarok aconteceu durante o século XIII, nos poemas nórdicos conhecidos como Eddas. Essas obras foram responsáveis por influenciar diversas produções culturais no ocidente, como os próprios quadrinhos da Marvel, bem como as composições musicais do alemão Richard Wagner, no final do século XIX, que foram responsáveis por ajudar na popularização do termo em outras culturas.
O que acontece no Ragnarok?
Antes de explicarmos o que é, exatamente, o Ragnarok, é preciso falar um pouco mais sobre a tradição religiosa dos povos nórdicos: segundo ela, existem nove diferentes mundos, os chamados Nove Reinos (como são citados no filme do herói). Enquanto que os seres humanos viviam em Midgard (o nome da Terra, que significa “Terra do Meio”), os deuses guerreiros habitavam em Asgard, considerado o principal dos nove reinos. Enquanto isso, outras criaturas e monstros moravam nos demais mundos.
O Ragnarok começou após uma série de mudanças climáticas que resultaram em um inverno sem fim (parece muito com a série Game of Thrones, não é mesmo), o que causou uma série de cataclismas, guerras e libertação de monstros e criaturas que foram presas pelos deuses.
Tudo tem início com Loki, o Deus da Trapaça, após decidir liderar um exército de criaturas que desejam ver o fim de Deuses e homens. Para ajudá-lo, conta com a presença de dois filhos seus: Fenrir, um enorme lobo, e Jormungandr, uma serpente gigante.
Para impedí-lo, Odin, que é o principal dos Deuses nórdicos, reúne diversos guerreiros para interromper o plano de Loki, e conta com a ajuda de seu filho Thor, Deus da Força e dos Trovões.
Nem seria preciso dizer que a luta entre essas duas forças é sangrenta e cheia de perdas para os dois lados. Thor consegue derrotar Jormungandr, mas também morre devido ao veneno da serpente. Já Odin é morto pelo Fenrir, que é posteriormente eliminado por Vidar, o Deus da Vingança. Loki aproveita seus últimos momentos de vida para se vangloriar do que fez e decretar o fim de deuses e seres humanos.
Só que para a surpresa do Deus da Trapaça, Heimdall, o guardião da ponte que liga Asgard, Midgard e os outros mundos, revela que aquela batalha não foi o apocalipse final, mas sim, o renascimento de outra realidade. O motivo é que dois humanos se esconderam dentro do tronco da chamada “Árvore do Mundo”, e serão os responsáveis por repovoar a civilização humana.
Influência religiosa ou pagã?
Até hoje, não existe um consenso sobre as influências culturais e externas a respeito dos textos que citam e descrevem o Ragnarok.
Existem diversas teorias sobre o assunto: uma afirma que seria de origem pagã, por se inspirar em tantas catástrofes naturais. Já outras dizem que pode ter influências da mitologia greco-romana ou da própria religião crista. E uma ideia que também é bem aceita é que pode ser uma mistura de tudo, compreendendo o período entre o surgimento mitologia grega e o final do apocalipse cristão.
Os eventos do Ragnarok são muito associados com o livro do Apocalipse, o último da Biblía e que foi escrito pelo apóstolo João. Essa história de uma batalha final liderada pelos deuses contra criaturas das trevas possui diversas semelhanças com as revelações, na Bíblia, do início de um novo ciclo. Outra questão é que esse fim da “Era dos Deuses” e início da “Era dos Humanos” representaria uma vitória do cristianismo sobre o paganismo.
Outras ideias que também circulam a respeito do tema é que o Ragnarok teria influências de religiões dos povos indo-europeus (que se originaram na Ásia Central), e o filólogo francês Georges Dumezil chegou até mesmo a ver semelhanças entre o Ragnarok e o épico Mahabharata, de origem hindu.
Explicação dos atores
Como forma de promover Thor: Ragnarok, até mesmo às estrelas do filme participaram de um vídeo, no qual tentam explicar ao público o que seria o Ragnarok.
Chris Hemsworth, intérprete do herói, aparece para explicar o que é o assunto para o público, mas tenta fazer isso destrinchando a mitologia nórdica por completo. Ele é logo interrompido por Mark Ruffalo, intérprete do Hulk, que acha melhor deixar essa tarefa nas mãos de Cate Blachett, que dá vida a Hela, vilã do filme.
Sem pestanejar muito, a atriz explica, rapidamente e resumidamente, o que é o Ragnarok. “O Ragnarok é beleza, esperança, justiça. O Ragnarok é redenção, caos, fogo, é o fim de todas as coisas, o fim dos Deuses e a ascensão da morte. É mais ou menos isso”, explicou Blanchett, que se tornou cada vez mais ameaçadora enquanto falava, refletindo sua personagem no filme.
Quer saber como que é o Ragnarok? Basta ir até o cinema e assistir ao novo filme do herói da Marvel.