Uma nova tecnologia baseada em raios laser permitiu uma grande descoberta. Uma enorme cidade da antiga civilização Maia foi encontrada no norte da Guatemala e pode mudar a forma com que a arqueologia enxerga os povos antigos da região.
A tecnologia chamada Lidar (sigla em inglês para Detecção e Alcance de Imagem a Laser) mapeou a região coberta pela densa floresta, próximo à cidade de Petén. Ela funciona a partir de uma aeronave que dispara raios laser em direção da superfície.
Da mesma forma que um sonar, o Lidar analisa os disparos que retornam e consegue obter dados sobre o solo da região, mesmo debaixo de uma mata fechada. Os dados geram um mapa em 3D com altíssima precisão. Essa mesma tecnologia já foi usada na região do templo de Angkor Wat, no Camboja, onde revelou cidades escondidas abaixo do templo.
Francisco Estrada-Belli, arqueólogo da Universidade Tulane, fala sobre o impacto do novo método de exploração. “Essa tecnologia está revolucionando a arqueologia da mesma forma que o telescópio espacial Hubble revolucionou a astronomia. Precisaremos de cem anos para esmiuçar os dados e realmente entender o que estamos vendo”, disse à National Geographic.
As descobertas
O local mapeado pelo Lidas, com mais de 2 mil metros quadrados, corresponde à antiga cidade maia de Tikal. Os cientistas estimavam que o centro urbano era habitado por cerca de 5 milhões de pessoas.
Porém, as novas descobertas oferecem uma nova ótica sobre a antiga civilização, como explica Estrada-Belli. “Com os novos dados, já não é insensato pensar que havia ali de 10 a 15 milhões de pessoas, incluindo moradores de áreas baixas e pantanosas que muitos de nós considerávamos inabitáveis”, afirmou.
A antiga cidade era composta por casas, fortalezas, palácios e até mesmo vias elevadas. Uma pirâmide de sete níveis também foi descoberta sob a floresta. Os Maias foram uma civilização pré-colombiana que viveu seu auge antes da chegada dos colonizadores espanhóis.
Seu nível de desenvolvimento pode ser comparado com o de grandes civilizações antigas da Europa, como os gregos. As pesquisas devem mapear ainda mais 14 mil metros quadrados nos próximos 3 anos e a chance de novas descobertas é muito alta.