Você comeria um bife de carne humana produzida em laboratório? As possibilidades de isso acontecer estão aumentando e especialistas debatem sobre o assunto, que pode causar profundos impactos na cultura humana e na forma com que vemos os alimentos.
O debate foi aceso novamente pelo cientista Richard Dawkins, que postou em seu Twitter um link para um artigo que falava sobre a possibilidade de carne produzida em laboratório ser comercializada como alimento. “E se carne humana for cultivada? Poderíamos superar nosso tabu contra canibalismo?” questionou.
Segundo Dawkins, consumir carne cultivada em laboratório seria uma espécie de “canibalismo ético”, já que a produção da carne não gera mortes ou qualquer outro tipo de consequência para qualquer ser vivo.
Owen Schaefer, professor do centro de ética biomédica da Universidade Nacional de Singapura, acredita que embora a possibilidade exista, a carne “artificial” deverá ser algo extremamente raro de se encontrar e produzido em pouca quantidade.
Em 2013, o farmacologista Mark Post, da Universidade de Maastricht, na Holanda, serviu um hambúrguer feito à base de carne cultivada em laboratório, em uma conferência ocorrida em Londres. As pessoas que degustaram a iguaria, não se sentiram muito atraídas e reclamaram que a carne parecia “seca”.
O hambúrguer de Post custou cerca de 300 mil dólares, o que mostra que a aceitação da carne humana sintética também irá depender de fatores econômicos. Em resumo, os especialistas acreditam que a ideia pode ter adeptos, se for financeiramente compensadora.
Carne humana no menu
Matti Wilks, da Universidade de Queensland, na Austrália, conduziu uma pesquisa para saber se as pessoas estariam dispostas a consumir o produto. Dois terços dos entrevistados afirmaram que experimentariam, mas apenas um terço afirma que comeria a carne regularmente.
O pesquisador acredita que embora hajam pessoas dispostas a fazer isso acontecer, a novidade não despertaria tanto interesse assim. “Eu não consigo imaginar que pessoas que não querem comer carne humana agora estariam motivadas a comer carne humana se fosse produzida via agricultura celular”, explica.
