Austríacos x Austríacos: conheça a batalha mais sem sentido da história

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Por toda a história, existiram diversas batalhas que marcaram a história da humanidade, seja no início dos tempos ou em anos recentes. Muitas foram sangrentas e foram marcadas por grandes perdas para os dois lados. Mas saiba que existe uma batalha, em especial, que ficou marcada por sua futilidade.

Existem diversas lutas que podem ocupar esse posto. Uma delas, por exemplo, é a Batalha de Dieppe, que ocorreu em 19 de agosto de 1942, na 2ª Guerra Munidal, na qual 3 mil soldados aliados morreram após uma desastrosa tentativa de tomar um porto francês das mãos dos alemães.

Outro candidato, e desse vez por motivo fútil, foi a chamada Guerra dos Pastéis. Essa batalha, que envolveu a França x México (com participação dos Estados Unidos para tomar parte do território mexicano), teve início após um francês pedir uma compensação por perder uma loja nas mãos dos mexicanos e ser morto por conta disso.

Mas o dono desse posto, com certeza, é uma batalha que ocorreu nos dias 21 e 22 de setembro de 1788. Nessa batalha, não existiu um vencedor e um perdedor, já que os combatentes estavam do mesmo lado. Nesse caso, o exército austríaco.

Na época, o Império de Habsburgo, onde hoje se localiza a Áustria, estava em Guerra contra o Império Otomano, nas chamadas Guerras Otomanos-Habsburgos,  em um conflito que durou de 1787 até 1791.

Os soldados austríacos decidaram lançar uma resposta para o que consideraram um ataque turco na cidade de Carasenbes, na atual Romênia. Mas quando a poeira baixou, o exército austríaco descobriu que estava lutando contra ele mesmo.

O início

O ataque teve início na noite de 21 de setembro, após os austríacos, sob o comando do Imperador José II, começarem a marchar para enfrentar os turcos. Quando o exército parou nas proximidades de Carasenbes para descansar, oficiais tiveram a ideia de comprar bebidas alcoólicas para os soldados.

Mas em um determinado momento, uma briga surgiu entre membros da cavalaria e da infantaria. Tiros foram disparados, e muitos soldados, que estavam bêbados, começaram a gritar que o turcos tinham acabado de chegar, o que causou um pânico que logo se espalhou pelo exército.

“Apesar de parecer apenas uma pegadinha para soldados que estavam próximos, aqueles que estavam distantes escutaram gritos e tiros no escuro e imaginaram que se tratava  do pior”, escreveu o historiador britânico Charles Kirke.

A luta só piorou conforme centenas de soldados entraram em pânico e se juntaram a essa “batalha”, atirando no escuro contra qualquer coisa que se movia. E quando o sol apareceu, ficou claro que não havia nenhum membro do exército otomano. E cerca de 10 mil soldados austríacos foram mortos ou ficaram feridos nas mãos de seus próprios companheiros.

O desastre foi tamanho que dois dias depois, os soldados turcos chegaram ao local e conseguiram capturar Carasenbes com facilidade, já que o exército austríaco esteva completamente desmoralizado e enfraquecido.

Algumas dúvidas

No entanto, muitos historiadores questionam essa história, já que existe a especulação de que essa “batalha” se tornou exagerada com o passar do tempo.

De acordo com o historiador canadense Matthew Mayer, José II enviou uma carta para seu irmão, Leopoldo, no dia 26 de setembro, na qual explicou a situação.

“Canhões, vagões e todas as tendas estavam viradas, foi horrível; meus soldados estavam atirando neles mesmos! Eventualmente, a calma foi restaurada, e tivemos sorte que os turcos não estavam em nossa cola, senão nosso exército seria destruído por completo”, relatou o imperador para seu irmão.

José II expandiu o assunto após descrevê-lo para o chanceller do império, Wenzel Anton von Kaunitz.

“O desastre que nosso exército sofreu por conta do covardice de algumas unidades é incalculável para o momento. O pânico estava em todos os lugares, entre o exército, entre a população de Carasenbes e no retorno para Temesvar (outra cidade do oeste da Romênia)”, relatou José II.

No entanto, não existe menção para grandes perdas, seja nas cartas de José II ou relatos históricos. A carta do imperador para seu irmão possui apenas uma breve descrição de danos aos materiais do exército, por exemplo.

Matthew Mayer acredita que a história se tornou exagerada nas mãos do também historiador Paul Bernard, que em uma biografia de José II, citou essas 10 mil mortes, mas sem especificar uma fonte mais segura.

“Como Bernard falhou ao mostrar uma foto, a descrição de José para seu irmão pode ser considerada a mais precisa das duas”, disse Mayer.

Fonte: Live Science
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