A pele é o maior órgão do nosso corpo, e em torno de dois metros quadrados dela estão te protegendo neste exato momento. E cientistas acabaram de fazer uma descoberta surpreendente a respeito dela: um recente estudo detectou que suas células possuem o formato de escutoide, forma geométrica até então desconhecida pela ciência e a matemática.
Essa nova forma geométrica está presente nas células epiteliais, que são as responsáveis por formar as camadas internas e externas de nossa pele. Elas também estão presentes em alguns dos nossos órgãos.
A ciência nunca conseguiu entender o formato exato das células epiteliais, e as suposições lançadas eram de que elas pareciam colunas de prismas ou o tronco de bases paralelas, que são as bases de pirâmides.
Mas a descoberta foi feita após um grupo de cientistas espanhóis, composta em sua maioria por pesquisadores da Universidade de Sevilha, conseguir recriar a estruturas das células epiteliais em modelos 3D, e se surpreenderam ao notar o formato único delas.
A equipe percebeu que as células até pareciam ter o formato de prismas, mas enquanto uma borda possui cinco arestas, a outra apresenta seis. E isso só se tornou possível por conta da presença de uma estrutura com formato de Y, que cria um pequeno triângulo.
Esse formato nunca havia sido descrito na literatura científica. “Para nossa surpresa, esse formato sequer tinha um nome na matemática!”, revelou Javier Buceta, autor líder da pesquisa, que leciona na Universidade Lehigh, nos Estados Unidos.
Desta forma, os cientistas decidiram nomear essa nova forma geométrica de escutoide, por ser muito semelhante ao escutelo, uma placa presente no dorso de alguns insetos.
Os pesquisadores acreditam que as células epiteliais possuem o formato de escutoide por ela ser mais eficiente do ponto de vista energético.
“Quando o tecido se curva ele tende a minizar a energia, ser mais estável. E por essa razão, nossas informações biofísicas indicam que as nossas células optaram por adotar a forma do escutoide”, disse Luisma Escudero, da Universidade de Sevilha.
A equipe também decidiu observar a presença do escutoide na natureza e encontrou evidências preliminares desse “prisma retorcido” em moscas e no peixe-zebra.
Mais pesquisas precisam ser feitas para compreender a presença do escutoide no formato de nossas células epiteliais e em outros animais, mas essas evidências já são o suficiente para mudar alguns conceitos dentro da ciência.
“Por exemplo, se você quer crescer órgãos artificiais, a descoberta pode nos ajudar a encorajar a montar essa estrutura celular, reproduzindo adequadamente a maneira encontrada pela natureza para desenvolver esses tecidos”, disse Javier Buceta.