O uso do composto industrial tóxico PFOS (sulfonato de perfluorooctano) passou a ser amplamente restringido, desde 2009, pelos 182 países que fazem parte da Convenção de Estocolmo, um tratado internacional que trata de Poluentes Orgânicos Persistentes.
Mesmo assim, o Brasil é um dos grandes produtores mundiais de sulfluramida, pesticida que resulta na formação de PFOS. Uma pesquisa recente descobriu que essa substância causa diminuição do tamanho do pênis e queda da fertilidade masculina.
A sulfluramida, cuja produção vem aumentando no Brasil, é um agrotóxico usado como inseticida para controle de formigas que, quando degradado, se transforma em PFOS. O PFOS faz parte da classe dos compostos perfluorados (PFC). A partir dos anos 1950, os PFCs passaram a ser largamente utilizados em revestimentos antiaderentes de panelas, produtos impermeabilizantes e espuma de combate a incêndios.
De acordo com os pesquisadores da Universidade de Pádua, na Itália, jovens que foram expostos aos PFCs possuem pênis menores e mais finos do que a média. O estudo demonstra que o PFOS e outros componentes dos PFCs se ligam ao receptor de testosterona e bloqueiam sua ativação.
Além de afetar o tamanho dos órgãos genitais masculinos, essas substâncias também comprometem a fertilidade. Outro efeito colateral é o aumento da presença de hormônios femininos em homens.
O Brasil é o único país sob a tutela da Convenção de Estocolmo que tem permissão para produzir a sulfluramida. Com a proibição em outros países, a fabricação nacional da substância cresceu. Entre 2004 e 2015, a produção resultou em até 487 toneladas de PFOS sendo liberadas no meio ambiente.
Além disso, por uma brecha no tratado, o país também consegue exportar o agrotóxico para vários países. Ambientalistas pressionam delegados da Convenção para reverter essa situação.