O Dia Internacional das Mulheres – que ocorre em 8 de março – é fortemente marcado no Brasil pelo nascimento da primeira mulher com força e ousadia o suficiente para entrar em um grupo de cangaceiros. A personagem destaque da história completaria 112 anos em 2023.
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Natural da cidade de Paulo Afonso na Bahia, Maria Gomes de Oliveira, mais conhecida como Maria Bonita, possuía uma vida atípica para a época. Aos 15 anos, era casada com um primo sapateiro e já se sentia frustrada com a realidade que vivia.
Símbolo de poder e resistência, Maria Bonita entrou para a história após trocar a vida comum de uma dona de casa para se entregar por noves anos ao cangaço ao lado de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião – ou como é mais conhecido: o Rei do Cangaço –, com quem casou-se posteriormente.
Maria Bonita e Lampião tiveram uma filha chamada Expedita Ferreira Nunes que foi criada posteriormente por amigos vaqueiros de fora do bando, já que lá não era permitido a presença de crianças. Maria chegou a engravidar outras vezes, mas sofreu abortos espontâneos.
O casal referência quando o assunto é cangaço brasileiro esbanjava muitas joias caras que foram roubadas no sertão pelo Lampião à sua amada e usavam loção francesa para se perfumar, além de possuir punhais luxuosos de prata, marfim e ônix.
Também foram responsáveis pela criação de identidade estética do cangaço, confeccionando peças e bordados que marcaram a década de 1930.
Apesar de ser considerada empoderada e transgressora, Maria estava muito longe de ser feminista. A cangaceira não só ajudou a torturar as vítimas de seu companheiro, como também apoiava o assassinato de mulheres adúlteras.
Além disso, Maria Bonita vivia sob regras do sertão nordestino, que por sua vez possuía o pensamento machista de que mulheres eram coadjuvantes e não sabiam atirar. Entretanto, o grupo funcionava por divisão de tarefas e funções básicas de uma casa eram obrigações de todos, independente de gênero.
A morte violenta de Maria Bonita
Maria Bonita não resistiu após ser baleada de forma impiedosa no abdômen por policiais no esconderijo do bando, localizado no sertão de Sergipe, e faleceu em 28 de julho de 1938. Seu marido, Lampião, e outros nove cangaceiros também foram dizimados durante o ataque surpresa.
Seu corpo foi abandonado com as pernas abertas com um pedaço de madeira enfiado na vagina pelos soldados, enquanto sua cabeça – e a dos outros cangaceiros – seguiram caminho rumo a uma exposição pública em Maceió.
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