Pesquisa brasileira explica ação do zika no cérebro de bebês

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O recente surto de microcefalia no Brasil tem sido frequentemente relacionado ao zika vírus. No entanto, cientistas não sabiam como comprovar a conexão entre os dois elementos.

Uma pesquisa recentemente divulgada no Rio de Janeiro, porém, acaba com a dúvida e mostra como o zika age nos tecidos cerebrais, conduzindo à má formação neurológica em bebês. O trabalho foi feito por cientistas do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e publicado na revista científica Science.

Os pesquisadores fizeram uso de células-tronco humanas para criarem minicérebros ou organoides cerebrais, similares ao cérebro humano em desenvolvimento. De acordo com o neurocientista Stevens Rehen, um dos coautores do estudo, é possível identificar, com isso, alterações que não poderiam ser observadas de outra forma.

Resultados

Durante os testes, os minicérebros ou organoides cerebrais foram destruídos pelo zika vírus, o que explica a relação entre microcefalia e outros problemas relacionados à má formação neurológica em bebês. Tudo isso acontece durante o período de gestação – inclusive, o minicérebro foi infectado no 35° dia de desenvolvimento, quando o córtex, área nobre do cérebro, começa a se desenvolver.

A pesquisa indica que o zika vírus pode agir em um tecido do cérebro com três dias, seis ou 11 dias de infecção. Com 11 dias, o crescimento do minicérebro é 40% inferior ao dos não infectados.

Ainda de acordo com Rehen, a metodologia permite mostrar como as consequências variam de acordo com a etapa da gravidez em que ocorre a infecção.

Durante os testes, os minicérebros foram expostos ao vírus da dengue. Apesar da infecção ser maior, não há consequência relacionadas à má formação neurológica.

Remédio para zika

A descoberta possibilita o desenvolvimento de remédios para impedir a infecção ou reduzir os impactos do zika vírus sobre o cérebro. De acordo com o neurocientista Stevens Rehen, um dos remédios pode reduzir a morte cerebral causada pelo zika. Os estudos ainda estão sendo feitos.

Dados preliminares apontam que a fórmula protege contra o ataque do zika, mas não há confirmações sobre a capacidade de reduzir a replicação viral dentro da célula-tronco neural. Rehen espera chegar a novas conclusões sobre a possibilidade de tratamento em dois meses.



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