Quando as pessoas pensam em inteligência artificial (AI), elas normalmente pensam no HAL 9000 do filme “2001: uma odisseia no espaço”, no androide Data da série “Star Trek” ou, mais recentemente, na androide Ava do filme “Ex Machina”.
Mas para um cientista da computação, AI não é necessariamente assim. Definir o que é uma inteligência artificial pode ser um pouco complicado.
O cientista da computação da Universidade da Califórnia, Stuart Russell, juntamente com o diretor de pesquisa do Google, Peter Norvig, organizou a inteligência artificial em quatro grandes categorias:
• Máquinas que pensam como seres humanos
• Máquinas que agem como seres humanos
• Máquinas que pensam racionalmente
• Máquinas que agem racionalmente
As diferenças entre elas podem ser sutis, observa Ernest Davis, professor de ciência da computação na Universidade de Nova York. AlphaGo, o programa de computador que pode vencer o campeão mundial no jogo de tabuleiro Go, age racionalmente quando está jogando. Mas isso não significa necessariamente que ele se comporta como um ser humano, mesmo ele se envolvendo em algumas das mesmas tarefas de reconhecimento de padrões que vemos nas pessoas. Da mesma forma, uma máquina agir como um ser humano não significa necessariamente que ela seja muito semelhante a pessoas na forma como processa toda essa informação.
A plataforma de tecnologia de processamento de linguagem natural da IBM, Watson, “age como um ser humano” por ser capaz de entender gramática e contexto, compreender questões mais complexas e apresentar respostas e soluções. Ainda assim, Watson não usa processos racionais parecidos com dos seres humanos. (Leia também: Quando a inteligência artificial atingirá a singularidade?)
Tarefas mais difíceis
Segundo a definição feita por Ernest Davis, existe uma série de tarefas cognitivas que as pessoas fazem facilmente – muitas vezes, sem o pensamento consciente envolvido – mas que são coisas extremamente difíceis de se programar em computadores. Um exemplo disso é a visão e compreensão da linguagem natural. Para um computador ser considerado uma máquina com inteligência artificial, é necessário que ele obtenha um certo êxito ao executar tais tarefas.
A visão computacional tem feito muitos avanços desde as últimas década, como câmeras que podem reconhecer rostos em apenas um frame e informar ao usuário onde essa pessoa está. No entanto, atualmente os computadores ainda não são tão bons em reconhecer rostos, e a forma como eles fazem isso é diferente da forma como as pessoas fazem.
A pesquisa de imagens do Google, por exemplo, só apresenta resultados com imagens onde o padrão de pixels coincide com a imagem de referência. Sistemas de reconhecimento facial mais sofisticados analisam as dimensões da face e depois as compara com imagens que podem não ser simples fotos de frente. Já os seres humanos processam informações de forma bem diferente. A forma de funcionamento desse processo ainda é algo a ser estudado pelos neurocientistas e cientistas cognitivos.
No entanto, outras tarefas têm se mostrado mais difíceis de serem executadas, como as de “senso comum”. Por exemplo, um robô que serve bebidas pode ser programado para reconhecer um pedido e até mesmo se capaz de manipular um copo e enchê-lo, mas se uma mosca pousa no copo, o computador ainda encontrará dificuldade em decidir se derrama a bebida no copo ou não.
Senso comum na inteligência artificial
A questão é que o “senso comum” é muito difícil de modelar. Os cientistas da computação têm feito várias abordagens para contornar esse problema. Watson, da IBM, por exemplo, conseguiu dar a volta em alguns transtornos por ter uma enorme base de dados de conhecimento para trabalhar e algumas regras para palavras em série com perguntas e respostas. No entanto, Watson terá empecilhos em uma simples conversa aberta.
As máquinas também são capazes de aprender, o que é uma espécie de AI. Algumas formas de cognição de uma máquina são parecidas com a de uma pessoa. O Google Tradutor, por exemplo, usa um grande corpus linguístico de uma determinada língua para traduzir para outro idioma, um processo estatístico que não envolve a busca do “significado” das palavras. Nós, humanos, fazemos algo semelhante – aprendemos idiomas ao vermos muitos exemplos.
Nem sempre o Google Tradutor acerta de forma precisa, porque ele não procura o significado e às vezes ele pode se enganar em sinônimos para diferentes conotações.
Uma área que tem progredido é a de resumo de textos. Sistemas que fazem isso às vezes são usados por sociedades de advogados que têm que trabalhar com um grande volume de textos diariamente.
A área de assistentes pessoais também tem feito um grande avanço nesse quesito. Daqui a algum tempo talvez seja possível existir uma assistente pessoal tão inteligente como a do filme “Her“, pois cientistas e pesquisadores, de fato, estão construindo assistentes de conversação, tentando ver até onde podem chegar.
O resultado disso tudo são máquinas com inteligencia artificial capazes de lidar muito bem com certas tarefas. Algumas possuem um corpo e são quase humanas. Ainda assim, os cientistas da computação não tem tido um estrondoso avanço (por enquanto), pois a atual inteligencia artificial, mesmo com grandes avanços, não é capaz de “pensar” da maneira que se espera, em comparação a um ser humano.
A inteligência artificial tem feito grandes avanços, mas ainda é limitada, pois nós ainda somos um tanto quanto limitados para desenvolve-la.