Afinal de contas, Plutão é ou não é um planeta? Essa questão começou a vir à tona em 2006, após ele ser rebaixado de categoria. Mas com o passar do tempo, esse questionamento volta a se tornar motivo de discussão entre astrônomos.
Por mais de 75 anos, após sua descoberta em 1930, Plutão foi considerado o nono planeta de nosso Sistema Solar, mesmo estando bem distante dos demais e em uma região muito fria. Só que em 2006, a União Astronômica Internacional (UAI) decidir reclassificar Plutão como um “planeta anão”, uma nova categoria que o fez se diferenciar dos seus demais vizinhos.
A nova definição de planera, segundo a UAI, diz que três critérios precisam ser seguidos: o planeta precisa estar em órbita ao redor de uma estrela; precisa possuir sua própria gravidade, fator que causa sua forma arredondada; e possuir uma órbita que seja livre, sem influência de outro planeta.
Para seu azar, Plutão não conseguiu atender ao último critério, por ter sua órbita influenciada por Netuno. Foi isso que causou seu “rebaixamento” para planeta anão.
Só que a decisão ficou cercada de muita polêmica. Por exemplo, muitos especialistas apontaram que a definição de que um planeta precisa orbitar uma estrela não foi bem aceita. O motivo é que isso significava que os bilhões de exoplanetas espalhados pela Via Láctea não eram, exatamente, mais planetas.
Já outros reclamam da classificação de que o planeta precisa ter órbita própria, que causou o rebaixamento de Plutão. Uma dessas pessoas é Alan Stern, um dos responsáveis pela missão New Horizons, da Nasa, que passou perto do local em julho de 2015.
Ele é dos que pedem da volta do status de planeta para Plutão, ao argumentar que a decisão da UAI era, parcialmente, voltada para um desejo sem fundamento científico de deixar o nosso sistema planetário em números mais “organizáveis.”
Ao lado do cientista David Grinspoon, Stern publicou um livro sobre a missão New Horizons. E na obra, não hesitou em dizer que sim, Plutão é um planeta.
Na publicação, Stern e Grinspoon criticam bastante as definições de planeta da UAI, em especial o critério da órbita própria.
Para não ficarem apenas focados em criticar a UAI, a dupla optou por mostrar uma explicação mais simples, chamada de “definição geofísica de planeta”, que já apresentaram em uma conferência. Segundo Stern e Grispoon, um planeta é apenas “um objeto arredondado no espaço que é menor que uma estrela.”
A partir dessa definição, Plutão e outros planetas anões, como Ceres e Eris, seriam considerados planetas, bem como algumas luas do nosso Sistema Solar, como Europa, Ganimedes, Io e Calisto, que pertencem a Júpiter, bem como Titã, a maior lua de Saturno. Até mesmo a nossa Lua entraria nessa conta.
Se essa metodologia fosse adotada, nossos Sistema Solar teria cerca de 100 novos planetas.
Mas essa é uma discussão que, no fundo, ainda possui muito pano pra manga. Por exemplo, o astrofísico e autor Ethan Siegel afirmou, para a revista Forbes, que é importante observar o contexto do ambiente em que o objeto cósmico se encontra para chegar a uma conclusão.
“A verdade é que Plutão foi classificado de forma errada ao ser descoberto pela primeira vez; ele não estava no mesmo patamar dos outros oito mundos. Mas o movimento feito em 2006 pela UAI foi uma tentativa incompleta para corrigir esse erro”, disse Siegel.
E ainda complementou seu pensamento, dizendo que essa definição de Stern e Grinsponn “é um passo para a direção oposta: é um passo para criar um erro maior e mais confuso, que pode fazer a definição não ter sentido para a maior parte das pessoas que a usam.”
E ainda existem aqueles que garantem que Plutão não é um planeta, como é o caso do astrônomo Mike Brown, que fez diversas pesquisa com os planetas do Sistema Solar exterior e já escreveu um livro no qual reforçava esse pensamento.
“Plutão ainda não é um planeta. Na verdade, nunca foi. Nós nos confundimos por 50 anos. Agora, nosso conhecimento é melhor. A nostalgia ainda não é um argumento muito bom. É melhor aceitar a realidade”, respondeu Brown, em seu perfil no Twitter.
A verdade é que essa é uma questão ainda está aberta a muita discussão, onde cada parte defenderá seu ponto de vista com unhas e dentes. Enquanto isso, teremos de continuar a lidar com o fato de que Plutão é apenas um planeta anão.