Nunca se falou tanto em apocalipse zumbi como nos últimos anos. O estímulo ao debate sobre este assunto passa, especialmente, pelas produções de ficção, em cinema, TV e outros segmentos, que abordam o tema.
Todos comentam suas possíveis estratégias de sobrevivência a um apocalipse zumbi, cada um com uma maneira mais exótica do que o outro. Mas será, realmente, que você sobreviveria a uma real pandemia zumbi? Estaríamos preparados para esse acontecimento?
Vamos fazer apenas uma simulação, sem debater se é possível ou não ocorrer um apocalipse zumbi. Para este artigo, apenas imaginaremos que a pandemia aconteceu: você acordou em sua casa e todos que moram com você já estão transformados.
O que você fará a partir de agora? Como os não infectados vão sobreviver e como os governos protegeriam essa parcela da população?
A realidade é bem diferente da ficção. Não dá para encontrar, de um dia para o outro, praticamente toda a população infectada, como acontece em filmes e séries. Você teria dias para se preparar para isso, dependendo do local de início do vírus, do tipo de zumbi e velocidade de contagio. Ou, talvez, horas.
Simulação do apocalipse zumbi
Quem vive em grandes cidades estaria em maus lençóis. É o que aponta uma pesquisa apresentada em uma reunião da American Physical Society, em março de 2015, em um caso hipotético de um apocalipse zumbi.
Em uma grande cidade como São Paulo ou Rio de Janeiro, haveria enormes problemas já que, basicamente, se estaria no centro da epidemia e sem muitos locais isolados. De acordo com Alex Alemi, um estudante de graduação na Universidade de Cornell e parte da equipe de pesquisa, seria muito melhor estar em um ponto afastado para evitar a infecção.
Alemi e seus colegas usaram modelos padrões de doenças para estimar a taxa de infecção zumbi em todos os Estados Unidos, assumindo que os seres humanos teriam de ser infectados por uma mordida de zumbi (é claro). Também seguindo o protocolo padrão da ficção, zumbis viajam apenas caminhando e não iriam morrer naturalmente, mas teriam de ser “mortos”, presumivelmente com um golpe bem aplicado na cabeça.
Na simulação, foi utilizado um modelo realista que é muito semelhante à maneira como os epidemiologistas calculam a propagação de outros vírus, mas usando parâmetros fictícios únicos para zumbis. Eles fizeram algumas suposições, incluindo um colapso da infraestrutura de transporte. É difícil imaginar aeroportos funcionando por muito tempo em tal cenário. Estradas e rodovias ficariam intransitáveis com inúmeros acidentes bloqueando as vias. Com isso, muitos deixariam seus veículos e sairiam a pé em busca de locais isolados e seguros.
Grandes centros populacionais são os piores lugares para começar o surto, embora cerca de 28 dias depois de iniciar (de acordo com a simulação), esses locais tornam-se mais seguros enquanto as áreas que as circundam tornam-se mais perigosas. Isso significa dizer que se você se esconder em seu sítio longe da cidade, depois de 28 dias é melhor você voltar para sua casa na cidade.
Defesa do apocalipse zumbi
Mas e o exército? Como agiria numa situação dessas? Acredite ou não, as forças militares americanas criaram um elaborado plano para um apocalipse zumbi nos Estados Unidos, de acordo com um documento do Departamento de Defesa obtido pela CNN.
Em um documento não-classificado, intitulado “CONOP 8888”, funcionários do Comando Estratégico dos EUA usaram o espectro de um ataque de mortos vivos comedores de carne humana em todo o planeta, como um modelo de treinamento para essa catástrofe. Apesar de parecer para muitos uma brincadeira, o pentágono afirma que a intenção é puramente treinar soldados em um ambiente de pressão baseado em cultura pop.
Depois de identificar o inimigo, as forças militares do mundo, então, seguiriam um plano de cinco fases para garantir que os humanos prevalecessem.
Fase 0: preparar o ambiente
Realizar uma vigilância em larga escala epidemiológica de vetores que possam causar o “zumbeismo” (radiação, vírus, ou, acredite ou não, magia negra) e sincronizar a polícia e pessoal militar em todo o mundo. Todas as forças globais deverão trabalhar em conjunto. Com isso as forças militares brasileiras já estariam a postos e teríamos também uma equipe científica tentando identificar o vetor do zumbeismo.
Fase 1: dissuasão
Quem está por trás do surgimento dos zumbis? Zumbis não podem ser detidos, mas “forças indutoras de zumbis”, tais como grupos terroristas ou empresas criminosas de investigação biológica, podem. Esta fase mostra que as forças antizumbis podem sobreviver neste novo apocalipse, e irão impedir qualquer um de tornar as coisas piores.
Fase 2: tomar a iniciativa
Hora de atacar! Todas as forças se reagrupam e preparam-se para agir. Nesta fase, todas as frentes mundiais se reúnem para fazer um ataque global rápido contra as concentrações iniciais de zumbis, e preparam forças locais e federais para impor zonas de quarentena. Dependendo do seu local, você provavelmente teria de ficar cercado e monitorado por militares e médicos.
Fase 3: dominar
Começar a preparação para operações de combate total contra a horda de zumbis. Planos de emergência de desastre entram em vigor, e as forças estão prontas para abrigar todo o pessoal da missão durante pelo menos 40 dias. Ou seja, o plano militar no documento espera neutralizar a maioria dos zumbis em 40 dias.
Fase 4: estabilizar
Após 40 dias de operações de dominação, missões de reconhecimento vão começar a “determinar a gravidade da ameaça zumbi restante, avaliar a segurança física e epidemiológica do meio ambiente local e examinar o estado dos serviços básicos (água, energia, infraestrutura de esgoto e água, linhas terrestres de comunicações). Todos os relatórios serão transmitidos em canais abertos para que quaisquer sobreviventes possam interagir com as forças restantes.
Fase final: normalização
Todas as forças de colaboração vão ajudar a indústria e civis na reconstrução, substituição e recuperação da infraestrutura e serviços. Quaisquer lições aprendidas serão relatadas e incluídas em futuras operações.
Logicamente, esse plano só funcionaria caso todas as pressuposições aconteçam de forma precisa. O CONPLAN 8888 assume que não há cura para o zumbeismo, que cada morte é uma vitória para o inimigo, e que a única maneira de finalizar um zumbi é a concentração de todo o poder de fogo na cabeça, especificamente o cérebro.
Além disso, todas as vítimas de zumbis devem ser incineradas. Acredite ou não, segundo o documento, ateus podem ser particularmente vulneráveis a ameaças de zumbis de “magia negra”.
E se der errado?
A pergunta é, e se o plano der errado? O que o exército faria?
No filme Epidemia de 1995, estrelado por Dustin Hoffman, para neutralizar um vírus letal que atacou uma pequena tribo no Zaire, o governo decide lançar uma bomba e matar todos no local. É uma maneira não muito eficiente de exterminar o vírus, porém ajuda no processo de isolamento.
Isso também está no documento adquirido pela CNN e Dependendo do grau de caos que tomasse conta do planeta, poderíamos esperar ataques militares através de pequenas ogivas, e até mesmo, um ataque nuclear em alguma metrópole. São Paulo ou Rio de Janeiro seriam alvos em potencial, já que o acesso não facilita uma abordagem militar rápida. Nesse momento não haveria para onde fugir. Não infectados seriam mortos por um bem maior.
Este texto foi feito originalmente por Peter Jordan para o canal Acredite ou Não, no YouTube. Edição textual por Igor Miranda. Veja o vídeo original: