Banjiha: conheça o porão de Parasita, o Melhor Filme do Oscar 2020

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O filme sul coreano Parasita fez história na cerimônia do Oscar no último domingo (9): além de ter sido o maior ganhador da noite, com quatro estatuetas, se tornou o primeiro longa não falado em inglês a vencer a categoria de Melhor Filme.

Por mais que se trate de um trabalho de ficção, o drama do diretor Boon Jong-ho explorou a realidade dos banjiha, nome dado àquele porão em que a família Kim vive. O que são eles, exatamente? Entenda mais, a partir de uma reportagem de Julie Yoon para a BBC News.

Os banjiha, por incrível que pareça, são muito comuns em Seul, capital da Coreia do Sul, e sugiram por conta da constante tensão com a Coreia do Norte.

Nos anos 1970, o governo sul coreano exigiu que prédios menores tivessem esses porões. Eles poderiam se transformar em bunkers no caso de qualquer ataque ou emergência nacional.

Inicialmente, o aluguel desses espaços era proibido, mas isso mudou com uma crise habitacional que afetou a cidade nos anos 1980. Com muitos habitantes e poucas moradias, o governo local mudou sua legislação e os banjiha se tornaram legais.

Nos últimos anos, as pessoas mais jovens passaram a procurar esses porões, já que o preço do aluguel deles é bem mais barato. No entanto, a estrutura costuma ser um pouco precária.

A reportagem da BBC conversou com Oh Kee-cheol, que mora em um banjiha. O local mal recebe a luz do sol e seu morador sofre com a alta umidade do ar e o mofo durante o verão.

Além disso, o banheiro desse banjiha não conta com pia, fica meio metro acima do chão e seu teto é tão baixo que Oh precisa dobrar levemente as pernas para ficar em pé.

Apesar desses problemas, Oh garante que já se acostumou com o local: “sei onde estão todas as irregularidades e as luzes”, disse.

Assim como foi retratado em Parasita, os banjiha também se tornaram um problema social, já que eles costumam ser associados à pobreza por boa parte dos sul coreanos.

“Escolhi esse lugar pra guardar dinheiro e estou conseguindo guardar bastante. No entanto, já percebi que as pessoas ficam com pena de mim. Na Coreia do Sul, as pessoas acham que é importante ter um bom carro ou uma casa. Penso que os banjiha simbolizam pobreza”, afirmou.

Oh disse que está guardando dinheiro justamente para comprar uma casa no futuro e tem apenas um arrependimento por sua escolha: “só lamento que meu gato, April, não pode aproveitar muito a luz do sol”, afirmou.

A reportagem também conversou com o casal Park Young-jun e Shim Min, outros moradores de um banjiha. Eles se mudaram para um desses porões e pouco tempo mais tarde, assistiram Parasita no cinema.

Por conta do filme, Park acendeu vários incensos e deixava o umidificador ligado constantemente para que o banjiha não tivesse o mesmo cheiro que virou motivo de reclamação dos Kim em Parasita.

Já Shim, que morou em um flat na infância, admitiu que tinha uma visão negativa dos banjiha e que não gostou muito da ideia de se mudar para um deles, mas já conseguiu se acostumar. Ainda assim, espera que ela e o namorado deixem o local um dia.

“Amamos nosso lar e estamos orgulhosos do trabalho que fizemos nele. Mas vamos nos mudar para cima”, disse.

Caso queira conferir as fotos desses banjiha feitas pela BBC, clique aqui.



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