Um raro fenômeno submarino que congela tudo o que está em seu caminho é um dos mais intrigantes da natureza. O brinicle ou estalactite de gelo, da mesma maneira que encanta por sua beleza pode ser igualmente assustador e mortal. A palavra é uma junção de salmoura (brine) com gelo (ice).
Este fenômeno é conhecido popularmente como o Dedo de Gelo da Morte, pois tudo o que “toca” é instantaneamente congelado, causando a morte de qualquer ser vivo em seu caminho.
O evento ocorre quando uma coluna de gelo gigante atinge o fundo do oceano, passando do estado sólido para o líquido. Os peixes e outros animais que estão a sua volta ficam congelados, não conseguem se mover e morrem.
Como o fenômeno ocorre
O brinicle é um fenômeno que ocorre apenas nos Polos durante o inverno, quando a temperatura fora do mar é inferior a 40C graus negativos e a água do oceano está em torno de -2C.
Com essas condições climáticas o frio atmosférico forma na superfície interna um gelo poroso ao invés de sólido. Esse gelo canaliza a água mais fria, que por se mais densa e por causa do fluxo de calor no fundo do mar, acaba sendo direcionada para baixo.
Na medida em que a água gelada passa pelo gelo ela transporta mais sal, o que altera a sua densidade deixando-a mais fria. Ao sair do túnel de gelo, o jato de salmoura resfria a água menos densa ao redor de si e se congela, fazendo o gelo se prolongar.
É necessário que o mar esteja calmo para que o gelo possa tocar o fundo antes que se quebre. Ao atingir certo tamanho o gelo cresce de forma desenfreada e ao tocar o chão, transforma-se em um “rio de gelo”. Estrelas do mar, ouriços e outros serem que não conseguem fugir facilmente, ficam presos no gelo e acabam morrendo por não conseguirem se alimentar.
O brinicle foi descoberto na década de 60, mas foi em 1974 que o oceanógrafo Seelye Martin explicou de forma detalhada como ocorria a formação.
Fenômeno documentado em vídeo
O fenômeno da estalactite de gelo foi documentado pela primeira vez em 2011 por uma equipe da BBC para a série Frozen Planet. Os cineastas relataram em uma entrevista ao próprio canal, que foi preciso driblar várias dificuldades.
A coluna de gelo por vezes era muito estreita e acompanhá-la até o fundo com equipamentos pesados foi um grande desafio. No fundo tiveram que lidar com as interferências da vida selvagem do local. Além do frio é, claro.
Foram necessárias seis horas de filmagem para registar o fenômeno se formando e atingindo o chão. Assista ao vídeo:
