Um homem perdeu as duas pernas (abaixo do joelho), os dedos de uma mão e partes do rosto por contrair uma infecção mortal. A doença foi causada após ser lambido por seu próprio cachorro.
Jaco Nel, de 50 anos de idade, estava brincando com seu cãozinho Harvey quando percebeu um pequeno corte na mão – mas nem ligou pra isso! Entretanto, duas semanas depois, o psiquiatra descobriu que havia desenvolvido um problema conhecido como septicemia.
A doença é uma reação exagerada do sistema imunológico diante de um processo infeccioso, causado por uma bactéria presente na saliva de seu cachorro.
Harvey, um cocker spanel, arranhou Jaco sem querer e, em seguida, lambeu a ferida. Apesar do dono ter desinfectado o pequeno arranhão, a medida não foi suficiente para impedir que a infecção se instalasse e se espalhasse.
Com os membros gangrenados, a doença se espalhou por todo o corpo do britânico e quase o levou à morte.
Septicemia
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a septicemia atinge cerca de 20 milhões de pessoas por ano e é uma das infecções que mais matam no mundo inteiro. Inicialmente, o problema é leve e pode ser manifestar em qualquer parte do corpo, desde um corte no dedo até uma infecção urinária.
No entanto, se não for tratado a tempo, a infecção pode causar lesões nos tecidos, falência generalizada de órgãos e mesmo a morte. A comunidade médica ainda não sabe exatamente o que causa a doença, que mata cerca de 8 milhões de pessoas no mundo.
Os sintomas da septicemia, também conhecida como ‘assassina silenciosa’, variam muito e podem ser confundidos com gripe ou outras infecções. De acordo com a ONG britânica UK Sepsis Trust, os seis sinais de alarme mais comuns são: problemas graves para respirar, calafrios ou dor muscular, ausência de urina, dificuldades para falar ou confusão, sensação de que “vai morrer” e manchas ou descoloração da pele.
Lambido e em perigo: o caso de Jaco Nel
Duas semanas depois de ter sido arranhado, lambido e infectado pela bactéria, o britânico Jaco Nel começou a sentir os primeiros sinais da doença, que, a princípio, confundiu com uma gripe. Por causa disso, ao invés de procurar auxílio médico, ele optou apenas por um pequeno período de repouso, acreditando que fosse suficiente para aliviar os sintomas.
Entretanto, a situação só piorou. “Eu devo ter ficado muito doente, porque me sentia confuso e desorientado. Nem escutei o telefone quando os colegas de trabalho me ligaram para saber por que não fui. No fim do dia, minha mulher veio para casa e me encontrou em um estado terrível. Mas os serviços de emergência logo se deram conta de que eram sintomas de septicemia e começaram a me tratar com urgência assim que chegaram a minha casa”, disse Nel a um programa de TV.
Felizmente, o serviço de emergência foi rápido em diagnosticar o problema. O britânico recebeu o atendimento inicial em casa, com fluídos via intravenosa, e a caminho do hospital, ele recebeu antibióticos. Entretanto, apesar dos esforços dos socorristas, ao chegar ao hospital, Nel sofreu um choque séptico, que o deixou em coma por cinco dias.
Consequências
Durante o tempo em que esteve inconsciente, algumas parte de seu corpo começaram a entrar em processo de necrose por causa dos danos causados pela coagulação anormal do sangue provocados pelo choque séptico. “Eu soube quase desde o princípio que acabaria perdendo as pernas e os dedos, mas não tinha certeza do que aconteceria com meu rosto. No final, perdi a ponta do nariz e meus lábios têm cicatrizes”, contou.
No período em que ficou hospitalizado, ele perdeu as duas pernas, todos os dedos de uma mão, e teve o nariz e os lábios desfigurados, causando dificuldade para falar e comer. Além disso, seus rins também falharam, e Nel teve que fazer hemodiálise durante dois meses.
Segundo estudos feitos sobre a septicemia, 80% dos casos podem ser tratados com sucesso se a infecção for diagnosticada precocemente (preferencialmente na primeira hora). Quando isso não acontece, o risco de morte aumenta a cada hora.
Infelizmente, a decisão mais difícil para Nel for ter que sacrificar sua mascote Harvey para impedir que outra pessoa fosse infectada pelo animal, que tinha uma infecção incurável.