Costumamos associar os povos da Amazônia a uma vida simples, muitas vezes tida como primitiva. Pouca gente sabe, mas grandes cidades já floresceram na região, com tecnologia superior à que os índios dispõem hoje e populações várias vezes maiores. As soluções encontradas por essas civilizações antigas poderiam nos ensinar muito sobre sustentabilidade e convivência com a natureza.
Alguns exploradores já vasculharam a Amazônia brasileira em busca de lugares mitológicos, com expectativas baseadas em lendas como Atlântida e El Dorado, incluindo aí um caso famoso, o do britânico Percy Fawcett, que desapareceu em uma expedição à região do Xingu. Nenhum deles encontrou evidências suficientes, mas basta analisar os relatos da época do descobrimento para ver que a Amazônia era bem diferente do que achamos hoje.
Na descrição do explorador espanhol Gaspar de Carvajal, escrito em 1542, estão descritas cidades fortificadas, estradas, tropas de guerreiros organizadas e transportadas em canoas pelos rios e vários outros avanços de civilização que parecem distantes nos dias de hoje. Não exatamente em diferença, mas principalmente em tamanho.
Pesquisas começaram a ser conduzidas no vale do Xingu ainda na década de 70 entre o povo Cuicuro. Suas aldeias estão montadas em meio a trechos do que parece ser floresta virgem, mas investigações arqueológicas mostram que havia lá, antes da chegada dos europeus, aldeias tão grandes que poderiam ser chamadas de cidades, construídas da mesma forma, só que até 20 vezes maiores.
Passado glorioso
Com o avanço da tecnologia desde a década de 70, equipamentos como satélites e GPS tornaram a pesquisa ainda mais aprofundada e fácil de se fazer. Constatou-se a presença de uma quantidade muito grande dessas “mega aldeias” ou pequenas cidades indígenas por toda a Amazônia. Todas elas ligadas por uma rede de estradas que não deve nada a qualquer rodovia atual em grandiosidade.
No entanto, o que chama a atenção é o nível de sustentabilidade conseguido. Casas realizavam processos de compostagem, terras eram preparadas para agricultura mesmo em meio ao solo impróprio para cultivo, como é a Amazônia até hoje. O estudo dessas civilizações inesperadamente evoluídas certamente tem muito a nos ensinar, em tempos em que os danos ao planeta estão se tornando quase irreversíveis.