Pela primeira vez na história, cientistas conseguiram registrar uma imagem do momento exato em que uma estrela é devorada por um buraco negro, que “arrota” um jato de matéria após consumir o corpo celeste. A estrela vinha se aproximando lentamente do centro de gravidade, até ser engolida.
O evento ocorreu a cerca de 150 milhões de anos-luz da Terra, em um local onde duas galáxias estão colidindo. A estrela que foi engolida pelo buraco negro possuía duas vezes o tamanho do Sol e o buraco negro em si, tem uma massa equivalente a 20 milhões de estrelas iguais a nossa.
Na imagem, é possível ver um gigantesco jato de matéria estelar sendo expelido pelo centro do buraco negro, como uma espécie de “arroto” após engolir a estrela. “Havíamos visto estrelas sendo devoradas anteriormente, mas essa é a primeira vez que observamos, vamos dizer assim, o ‘arroto’ do buraco negro supermassivo depois do banquete”, explica Thiago Signorini Gonçalves, doutor e professor de Astrofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Chamado oficialmente de ruptura das marés, essa entrada da estrela no buraco negro e suas eventuais consequências são uma oportunidade única de entender o comportamento de determinados objetos no universo e compreender também a criação dele. Buracos negros como esse estão presentes no centro da maioria das galáxias e podem atingir tamanhos absolutamente colossais.
Um jantar reservado
Rupturas das marés são difíceis de serem observadas porque o centro das galáxias é geralmente coberto de gases e poeira, que absorvem luz e tornam impossível o registro de imagens. Para fazer esse registro, foi usada tecnologia recente em telescópios.
Equipamentos como o Very Long Baseline Array (VLBA) da National Science Foundation e outros telescópios de ondas de rádio e infravermelho devem ser usados para detectar mais rupturas. Esse evento é relativamente comum no universo, mas a dificuldade em enxergá-los é bem grande, o que deve mudar a partir de agora.